Calendário traz avanços, mas ainda há lacunas – 01/10/2025 – Esporte

por Assessoria de Imprensa


A Portuguesa de Desportos jogou sua última partida do ano em 9 de agosto, ao ser eliminada da Série C do Campeonato Brasileiro. Para o Paraná Clube foi ainda pior: encerrou seu calendário de 2025 ainda em fevereiro com o término do campeonato estadual. Essa é a realidade de outras centenas de clubes de futebol no Brasil. O jogo é a sua atividade-fim e sem ele não é possível arrecadar nem manter toda uma estrutura de gestão e elenco.

Na outra ponta, clubes que disputam as principais competições nacionais enfrentam uma maratona de jogos, sem comparação em nenhum lugar do mundo. Nas principais ligas europeias, as equipes com maior número de jogos na temporada não chegam a fazer 60 partidas, No Brasil, essa é a média, sendo que alguns times superam os 80 jogos. A quantidade excessiva afeta a qualidade do espetáculo, na medida em que os atletas não conseguem se recuperar de forma satisfatória e há mais riscos de lesão. Além disso, fica mais difícil manter os estádios cheios, já que o torcedor tem que fazer caber no seu orçamento ao menos quatro partidas por mês no seu estádio.

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) acerta ao levar em conta essas duas premissas na apresentação do novo calendário para os próximos quatro anos. O volume de jogos dos clubes maiores tem a ver principalmente com os torneios estaduais, que não existem nos outros países, e acabam “espremendo” as competições nacionais dentro dos meses posteriores. Dentre outras medidas anunciadas, foi definido que os campeonatos locais serão restritos a 11 datas (em torno de 30% a menos do que o atual Paulistão, por exemplo), com término no início de março.

Para atacar o problema do calendário reduzido dos clubes de menor porte, a CBF resolveu ampliar o tamanho das Séries C e D em quase 50%, de modo a permitir que mais clubes acessem as divisões nacionais. Além disso, e também para compensar a redução dos estaduais, a Copa do Brasil terá mais times e serão reativados os torneios regionais, atualmente restritos ao Nordeste.

Mas alguns pontos ainda merecem atenção. Existem hoje torneios estaduais que pagam cotas financeiras bem atrativas aos clubes participantes, às vezes até superiores a competições nacionais, cujos custos operacionais são naturalmente maiores, dadas as necessidades de grandes deslocamentos.

Mesmo aumentando em 33% a quantidade de clubes nestes torneios, ainda restarão outras mais de 700 equipes de fora do cenário nacional. Sem contar o desafio do futebol feminino, cujo Campeonato Brasileiro dura menos de seis meses e a maioria dos times joga em torno de metade dos masculinos.

A mudança do Campeonato Brasileiro de 2003 para o formato de pontos corridos foi um avanço importante ao conferir maior previsibilidade e estender o calendário até o final do ano para os clubes do topo da pirâmide. Neste período, a permanência dos estaduais e o crescimento dos torneios continentais e mundiais levaram a uma necessidade premente de nova revisão no modelo, que deveria também atacar o problema de ausência de calendário anual para os clubes menores.

Quase 25 anos depois é dado um novo passo no sentido de conferir maior racionalidade ao negócio do futebol, mas ainda permanecem questões importantes de viabilidade econômica.



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