Caio Ferraz, sociólogo nascido em Vigário Geral e criado na comunidade, diz que as favelas são hoje senzalas urbanas. Foi ele quem criou a Casa da Paz na favela em que nasceu, após a chacina que matou 21 pessoas, em 1993. Ao comentar a megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, que deixou terça-feira passada 121 mortos, o sociólogo e ativista Caio Ferraz diz que “a vida para quem mora nas senzalas urbanas chamadas de favelas sempre esteve à espera de uma próxima tragédia”.
E segue: “É um dia falta d’água; noutro, falta energia; a qualquer momento pode haver um desabamento e, o que é mais trágico de todos, é que a violência perpetrada pelos varejantes de drogas e pela polícia corrupta produz mais vítimas do que qualquer desastre natural.”
E conclui: ” O negro que outrora fora chicoteado, hoje é o negro que é fuzilado em plena luz do dia.”
Caio Ferraz nasceu na favela de Vigário Geral, na Zona Norte carioca. Formou em Sociologia pela UFRJ. Em 1993 fundou a ONG Casa da Paz de Vigário Geral, após a chacina que matou 21 pessoas. Em 1995, após ameaças de morte, recebeu asilo dos EUA.

 
														