A criação do Instituto Casa Caymmi, espaço idealizado para preservar o acervo de Dorival Caymmi, segue travada por divergências e brigas entre os herdeiros do compositor, que foi um dos grandes nomes da música popular brasileira e morreu em 2008 vítima de insuficiência renal.
O projeto, concebido originalmente há 20 anos pelo neto Gabriel Caymmi como um trabalho de conclusão de curso, previa reunir o material digitalizado do autor de “O Que é Que a Baiana Tem?” em um centro cultural na Bahia ou no Rio, nos moldes da Casa Jorge Amado.
Hoje, as obras físicas e digitais de Dorival estão sob a guarda do Museu da Imagem e do Som do Rio e do Instituto Antonio Carlos Jobim. A família também diz ter pertences pessoais do cantor, como acessórios e fitas k7 que podem, quem sabe, guardar músicas inéditas.
A letrista Ana Terra, ex-mulher de Danilo Caymmi e mãe de Gabriel, afirma que o filho chegou a elaborar o projeto e negociar com as prefeituras de Salvador e do Rio, que demonstraram interesse.
Uma das últimas tratativas teria ocorrido há cerca de sete anos, na Bahia. Mas, para além da burocracia por parte da Secretaria de Cultura, a iniciativa acabou vetada, segundo a letrista, por resistência de Danilo e da irmã Nana Caymmi, sob argumento de risco jurídico, divergência política e impasses sobre a gestão do espaço, que ficaria a cargo dos netos.
Ana Terra também diz que Dorival Caymmi, o Dori, filho do meio do cantor, teria dado aval para seguir com o projeto. A informação, no entanto, é negada por Danilo.
Danilo também nega ter barrado o projeto e diz que “ninguém está sendo cerceado”, afirmando que o acervo de Dorival está acessível e que qualquer uso requer apenas autorização formal dos filhos.
Ele afirma ainda que o impasse se deve a “questões de gestão” e à indefinição sobre o local ideal, já que a Bahia seria o estado mais apropriado, “mas a vinculação direta ao governo complica porque, se muda o governo, muda tudo”.
