Num momento em que o Brasil vive o chamado pleno emprego — com a menor taxa de desocupação da história, de 5,6% — cerca de 60% dos brasileiros consideram que está difícil ou muito difícil conseguir trabalho. Além disso, 39,6% acreditam que o mercado de trabalho vai piorar nos próximos seis meses. Apesar disso, entre os que estão empregados, apenas 16% consideram provável ou muito provável perder o emprego, e 76,3% dizem estar satisfeitos ou muito satisfeitos com o trabalho atual. Já 70% relatam ter renda suficiente para cobrir suas despesas. Os dados são da quarta edição dos Indicadores de Qualidade do Trabalho, parte da Sondagem de Mercado de Trabalho do FGV IBRE, que entrevistou seis mil pessoas em todo o país.
- Entenda: Mercado de trabalho reduz fome, mas desigualdade regional e racial ainda marca insegurança alimentar no Brasil
- Desaceleração do mercado do trabalho será mais visível em 2026, diz pesquisador
O estudo busca captar a percepção subjetiva dos brasileiros sobre o mercado de trabalho como complemento às estatísticas oficiais como PNAD e Caged, explica Rodolfo Tobler, pesquisador do Instituto.
— A gente tem muita informação do Caged, da Pnad, mas com essa pesquisa buscamos entender a percepção e opinião das pessoas, que podem ser relevantes para complementar as estatísticas. Estamos criando indicadores para tentar medir a qualidade do mercado de trabalho: como as pessoas se sentem em relação à segurança no emprego, à renda, à proteção social, e à perspectiva geral do mercado — diz Tobler.
- Brancos ganham 57% mais do que pretos: o que empresas e poder público podem fazer para reduzir a discrepância
Segundo o economista, os resultados desta edição mostram que o brasileiro já percebe sinais de desaceleração no mercado de trabalho:
– O que chama mais atenção é que, olhando para frente, houve um aumento do início da pesquisa, em junho, para o levantamento de setembro, na parcela de pessoas que acreditam na piora do mercado. Há também uma questão de base de comparação: estamos com um nível historicamente baixo de desocupação, então é natural que haja desaceleração, especialmente com o cenário macroeconômico restritivo. Isso já está sendo incorporado pela percepção da população.