A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, nesta sexta-feira (3/10), o Edital de Chamamento Internacional 17/2025, que tem como objetivo identificar fabricantes e distribuidores internacionais do Fomepizol, em ampolas de 1,5 ml e concentração de 1.000 mg/ml. O medicamento é utilizado como antídoto em casos de intoxicação oral por metanol.
Segundo a Anvisa, atualmente o Fomepizol não tem registro sanitário no Brasil, o que torna necessária a busca por fornecedores em outros países para atender à demanda do Sistema Único de Saúde (SUS). A publicação do edital é em resposta a um ofício do Ministério da Saúde, que solicitou urgência na medida.
“Com essa ação, estamos mobilizando as 10 maiores agências reguladoras do mundo para que indiquem, em seus países, quais são os produtores do fomepizol”, afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, na quinta-feira (2/10).
De forma complementar, o Ministério da Saúde oficializou pedido à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para a doação imediata de 100 tratamentos de fomepizol e manifestou intenção de adquirir outras 1.000 unidades do medicamento por meio da linha de crédito do Fundo Estratégico da OPAS, ampliando o estoque nacional.
“Os pedidos e compras de antídotos que estamos fazendo são por precaução. Nos últimos anos, não ultrapassamos 20 casos por ano (de intoxicação por metanol), mas temos observado um registro maior no estado de São Paulo. Essas são medidas preventivas do Ministério da Saúde”, pontuou Padilha.
O que é Fomepizol?
Também conhecido como 4-metilpirazol, é um medicamento utilizado como antídoto para tratar o envenenamento por metanol e etilenoglicol. Atua como um inibidor competitivo da enzima álcool desidrogenase.
O metanol (encontrado em combustíveis, solventes e, por vezes, em bebidas alcoólicas adulteradas) e o etilenoglicol (encontrado em anticongelantes) são tóxicos porque o corpo os transforma, por meio da álcool desidrogenase, em substâncias ainda mais venenosas, como o ácido fórmico no caso do metanol.
O fomepizol bloqueia essa enzima, impedindo a formação desses metabólitos tóxicos, dando tempo para que o organismo elimine as substâncias originais. Geralmente é administrado por via intravenosa. Pode ser usado isoladamente ou em combinação com a hemodiálise (diálise renal) para remover as
substâncias tóxicas do corpo.
Intoxicação por metanol
O Brasil tem, até agora, 59 registros suspeitos de intoxicação por metanol, entre suspeitos ou confirmados. Das 59 notificações, 11 têm confirmação laboratorial da presença da substância. Um dos suspeitos de contaminação é o rapper Hungria, que está internado em Brasília.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destaca que é essencial comunicar as suspeitas o mais brevemente possível, uma vez que a intoxicação por metanol requer agilidade no atendimento para evitar sequelas.
O tratamento deve ser iniciado a partir dos dados clínicos, como sintomas característicos — dor abdominal, cólica intestinal, alterações visuais — associados ao histórico de uso de bebida alcoólica, ou sinais de acidose metabólica.
O que fazer em casos de suspeita de intoxicação
- Diante de sintomas como dor abdominal, visão alterada, confusão mental e náusea, o paciente deve procurar o atendimento médico no serviço de emergência mais próximo a sua casa para investigação, diagnóstico e tratamento adequado;
- A orientação é que, ao chegar à unidade de saúde, a pessoa com sintomas informe que consumiu bebida alcoólica e em qual contexto;
- O ideal é que o paciente relate, por exemplo, se esteve em uma festa antes de procurar atendimento no SUS, que tipo de bebida ingeriu, se haviam rótulos nas embalagens e qual foi o horário da ingestão.
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