Artistas criaram obra que mistura grafismo indígena, Espírito Santo, cerâmica e espada de São Jorge

Esse ano, além de receber uma bênção, tomar um passe ou escutar uma oração para começar o ano bem, dá para “libertar os espíritos” com árvore de Natal. Com guardiões representando Maria e José e o Espírito Santo com grafismos indígenas de quatro etnias presentes em Mato Grosso do Sul a ideia é reformular o simbolismo já conhecido das árvores tradicionais. Na Casa Amarela, até a espada de São Jorge e filtro dos sonhos são amuletos de boas energias.
A Casa Amarela, em Mato Grosso do Sul, apresenta uma árvore de Natal única que mescla elementos religiosos e culturais. A instalação artística, que permanece até 6 de janeiro, transforma os guardiões do museu em Maria e José, incorpora grafismos indígenas de quatro etnias locais e utiliza elementos como espada de São Jorge e filtros dos sonhos. O projeto, desenvolvido por cinco artistas sob a coordenação de Guido Drummond, busca respeitar diferentes crenças e tradições. A obra inclui cerâmica terena, peças da antiga estação ferroviária e referências a Van Gogh, mesclando aspectos da vida de Cristo com elementos da ancestralidade territorial e indígena da região.
Toda composição é pra lá de diferente e cheia de significado. O intuito não é gerar polêmica sobre o nascimento de Jesus, mas mostrar um jeito diferente de montar uma árvore baseada nas coisas em que os artistas acreditam. Quem explica melhor é um deles, Guido Drummond.
“As duas figuras de Maria e José são obras de um projeto de envasamento artístico, chamado de Guardião e Guardião. Eles têm furos nas costas onde plantei espada de São Jorge e a lança de São Jorge. Eles ficam lá segurando as energias e agora estão no presépio. Coloquei uma folha de cerâmica de queima de alta temperatura e elas, quando batem umas nas outras, tilintam como sino de betano, um sino de metal. A gente tem um espanta-espírito, um filtro dos sonhos”.
Ele explica que no pé da árvore existe uma cerâmica terena e dentro dela há um cravo para lavar as coisas e o sangue derramado em nome da religião. “Temos vários objetos e várias peças da antiga estação ferroviária cedidas pelos moradores. Além da ancestralidade de origem, a gente procura manter essas coisas da ancestralidade territorial da ferrovia”.
Segundo o artista, a árvore mistura assuntos da crucificação de Cristo, última ceia, ressurreição e nascimento. O projeto foi feito por cinco pessoas e cada uma escolheu referências na arte e pessoas que se inspiram para colocar como os enfeites de Natal da árvore. Por lá aparecem nomes como Frida Kahlo e Van Gogh, Salvador Dali, Eduardo Galeano, Oxtávio Araújo, Lídia Baís, Fernando pessoa, Caravaggio entre outros.
“Cada um escolheu três profissionais que inspiram a carreira e a vida deles. Van Gogh é o dono da casa e acabamos seguindo as pegadas dele e a Casa Amarela dele. O Espírito Santo, os raios de sol, eu pintei com grafismo indígena, terena, guató, kadiwéu. Esse Espírito Santo está honrando a nossa ancestralidade”.
Guido acrescenta que a simbologia que ele, como artista, quis dar ao divino Espírito Santo, com os raios de sol atrás, com o grafismo indígena do território, é o respeito do divino pela ancestralidade da Terra.
“Aqui há respeito por todas as religiões, todas as cores, todas as raças. É respeitar o caminho do outro. Cada um segue o caminho que o coração indica, que o coração pede, que entende, que consegue encontrar dentro dela. Por isso tem todas as variações. É só respeitar umas às outras, é só nessa intenção que está essa junção aí”.
A árvore fica exposta na Casa Amarela até dia 6 de janeiro, mesmo período em que oficialmente se desmontam as árvores.
Quem quiser conhecer o museu fica na Rua dos Ferroviários, 118.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.






