Argentina: Título-surpresa abre crise no campeonato – 28/11/2025 – Esporte

por Assessoria de Imprensa


Uma decisão da AFA (a federação argentina de futebol) e da liga profissional de clubes desencadeou uma crise envolvendo dois ídolos da Argentina. Tudo começou após o Rosario Central ser sagrado campeão da Liga, por ter sido o time que mais pontuou durante o ano.

A equipe —representada pelo campeão mundial Ángel Di María, o técnico Ariel Holan, o presidente Gonzalo Belloso e o capitão Jorge Broun, recebeu o troféu em uma visita à sede da Liga Profissional em Puerto Madero.

O Rosario conquistou o novo título depois que o time terminou a temporada regular dos torneios Apertura e Clausura com um total de 66 pontos, 4 a mais que o Boca Juniors. Pelo regulamento anterior, o time com a maior pontuação anual garantia apenas uma vaga na Copa Libertadores.

Mesmo aprovada “por unanimidade” pel os cartolas e impulsionada pelo presidente da AFA, Claudio “Chiqui” Tapia, a decisão de dar uma estrela ao Central foi duramente criticada por torcedores dos outros times, pois não havia sido anunciada no início da temporada.

Maior voz contrária ao prêmio, o clube Estudiantes de La Plata, representado pelo vice-presidente Pascual Caiella, negou que tivesse havido uma votação sobre o reconhecimento do título de Campeão da Liga 2025.

Mesmo assim, a Liga ordenou que os jogadores fizessem um corredor para receber o time do Rosario Central. Durante o jogo no estádio Gigante de Arroyito, o que acabou gerando uma das cenas mais polêmicas do futebol local.

O time do Estudiantes se virou de costas em protesto quando Di María e seus companheiros entravam em campo, um ato que teria sido instigado pelo presidente do time e outro ídolo do futebol argentino, Juan Sebastián Verón.

O protesto dos jogadores gerou reações diversas na Argentina, com apoio de figuras como o presidente Javier Milei, que se opõe a Tapia por sua proximidade com o peronismo e que compartilhou uma foto vestindo a camisa do Estudiantes, apesar de não ser torcedor da equipe de La Plata.

Acusando Tapia de desmoralizar o futebol argentino, Milei aproveitou para cancelar a viagem planejada a Washington para acompanhar o sorteio da Copa do Mundo, marcado para 5 de dezembro, onde estaria ao lado do presidente da AFA.

Alvo de torcedores rivais em suas redes sociais, Di María se manifestou, afirmando que o time se sentia campeão e que a decisão não foi deles.

Após o protesto, o Tribunal Disciplinar da AFA iniciou um processo para investigar o comportamento do Estudiantes antes do jogo e deu um prazo de 48 horas para que o clube, por meio de seu presidente e capitão, apresentasse defesa.

Dois dias depois, durante uma cerimônia, Tapia comentou a situação e a postura de Milei, chamando atenção para as dificuldades enfrentadas ao longo de seus anos à frente do futebol argentino e a possibilidade de mudanças futuras após seu mandato.

“Não é a primeira vez que passamos por isso. Não tenha dúvidas de que, quando meu mandato expirar, quem quiser concorrer terá essa oportunidade”, disse Tapia.

O Tribunal Disciplinar da AFA decidiu impor uma medida disciplinar a Verón e aos jogadores do Estudiantes. O ídolo foi suspenso por seis meses de qualquer atividade relacionada ao futebol. Os jogadores envolvidos receberam uma suspensão de duas partidas, que será cumprida no começo do Torneio Apertura 2026, para não prejudicar a competição atual.

Além disso, o capitão do Estudiantes, Santiago Núñez, recebeu uma sanção adicional que o proíbe de exercer a função de capitão por três meses. O clube de La Plata também foi multado no equivalente a 4.000 ingressos (cerca de R$ 425 mil).

A AFA informou que a decisão ainda não é definitiva e existe a possibilidade de anistia para os jogadores antes do início do próximo torneio, mas isso não se aplicaria a Verón.

Nesta sexta-feira (28), Verón falou pela primeira vez sobre o conflito. Durante uma entrevista à rádio Con Vos, ele negou que a distinção ao Rosario Central tenha sido discutida em uma reunião do Conselho de Diretores, destacando que o que ocorreu foi um reconhecimento e não a concessão de um título formal.

“Na realidade, o que é considerado e não estava na pauta, é fazer um reconhecimento, o que é muito diferente de dar uma estrela a um time”, disse o ex-meio-campista.

Verón enfatizou que suas críticas não eram contra o Rosario Central, mas sim contra a ideia de criar um título que não estava estipulado no início da temporada. Ele também negou ter aspirações políticas na AFA e afirmou que seu único objetivo é melhorar o futebol, tanto do ponto de vista esportivo quanto social.

O presidente do Estudiantes criticou a falta de debate no futebol argentino, afirmando que as decisões são tomadas de forma unilateral sem oposição, em mais uma troca de farpas com “Chiqui” Tapia.



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