Após ataques e suspensão da entrada de ajuda humanitária, Israel retoma cessar-fogo em Gaza

por Assessoria de Imprensa


O Exército israelense afirmou neste domingo que retomou a aplicação do cessar-fogo na Faixa de Gaza depois de lançar dezenas de bombardeios contra alvos do grupo islamista palestino Hamas no território, deixando ao menos 44 mortos. O anúncio veio horas depois de Israel suspender temporariamente a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino e de realizar ataques aéreos em Rafah, no sul, sob a justificativa de que o Hamas havia dispararado mísseis antitanque contra soldados israelenses na região, matando dois — o que o grupo nega.

“De acordo com a diretriz do nível político, e após uma série de ataques significativos em resposta às violações do Hamas, as Forças Armadas de Israel (IDF) começaram a aplicar de novo o cessar-fogo”, anunciou o Exército israelense em comunicado. “As IDF continuarão mantendo o acordo de cessar-fogo e responderão firmemente a qualquer violação do mesmo.”

Antes da retomada, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, havia ordenado que as tropas tomassem “medidas enérgicas” contra alvos terroristas no enclave.

“Após uma violação do cessar-fogo por parte do Hamas, o primeiro-ministro Netanyahu manteve consultas com o ministro da Defesa e funcionários de alto escalão de Segurança e ordenou uma ação com força contra alvos terroristas na Faixa de Gaza”, afirma um comunicado divulgado por seu gabinete.

O Hamas negou as acusações e disse ter recuperado o corpo de mais um refém israelense, mas disse que só o entregaria “se as condições em campo permitirem”.

Segundo as Forças Armadas de Israel, militantes armados dispararam mísseis antitanque contra suas bases militares perto da rota de ajuda humanitária na cidade. Em resposta, os militares israelenses abriram fogo contra os túneis de onde se acredita que os ataques partiram.

As Brigadas al-Qassam, braço armado do grupo, por sua vez, insistiram que o Hamas está cumprindo o armistício com Israel e que não tinham conhecimento de quaisquer confrontos em Rafah.

“Reafirmamos nosso total compromisso em implementar tudo o que foi acordado, principalmente o cessar-fogo em todas as áreas da Faixa de Gaza”, afirmou em comunicado. “Não temos conhecimento de quaisquer incidentes ou confrontos ocorridos na área de Rafah, uma vez que estas são zonas vermelhas sob o controle da ocupação, e o contato com os nossos grupos restantes lá foi cortado desde que a guerra recomeçou em março deste ano.”

A Força Aérea israelense, no entanto, acusou o Hamas de violar o cessar-fogo várias vezes ao atacar Israel para além da “linha amarela” designada no tratado.

O enviado de paz dos EUA, Steve Witkoff, deve chegar ao Oriente Médio na próxima semana para monitorar o andamento do acordo de cessar-fogo.

Os bombardeios deste domingo eclodiram enquanto Netanyahu realizava reuniões com ministros do governo. Depois disso, alguns ministros pediram que as forças israelenses retomassem a guerra contra o grupo palestino.

Um dos mais enfáticos foi o ministro da Segurança Nacional e líder de extrema direita, Itamar Ben-Gvir, que instou o exército a “retomar totalmente os combates na Faixa com toda a força”.

— A ilusão de que o Hamas se arrependerá, ou mesmo cumprirá o acordo que assinou, está se revelando – como era de se esperar – perigosa para a nossa segurança — acusou, pedindo que o Hamas seja “completamente aniquilado”.

A trégua no conflito, mediada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e por países da região, foi estabelecida em 10 de outubro, e previa a libertação de reféns pelo Hamas — 20 ainda vivos e 28 mortos. O grupo palestino entregou os sobreviventes, mas afirmou ter conseguido localizar apenas os restos mortais de 12 das vítimas devido à destruição causada pela guerra no enclave. Neste domingo, mais um corpo teria sido encontrado.

No sábado, Israel identificou os dois últimos corpos devolvidos como Ronen Engel e o trabalhador agrícola tailandês Sonthaya Oakkharasri. Engel, residente no kibutz Nir Oz, foi sequestrado de sua casa, aos 54 anos, e morto durante os ataques de 7 de outubro, com seu corpo levado para Gaza. Ele era fotojornalista e motorista voluntário de ambulância para a Magen David Adom, o equivalente israelense da Cruz Vermelha na região sul do Negev. Trabalhador rural no kibutz Beeri, Oakkharasri também foi morto no ataque a Israel e seu corpo foi retido pelo Hamas. Ele tinha uma filha de sete anos.

Israel, por sua vez, devolveu os corpos de 15 palestinos a Gaza no sábado, elevando o número total entregue para 150. A questão dos corpos dos reféns ainda em Gaza tornou-se um ponto delicado na implementação do cessar-fogo, com Israel vinculando a reabertura da principal porta de entrada do território à recuperação de todos os mortos.

Agências de ajuda humanitária pediram que a passagem fronteiriça de Rafah, do Egito, seja reaberta para acelerar o fluxo de alimentos, combustível e medicamentos. O gabinete de Netanyahu, no entanto, disse que ele “determinou que a passagem de Rafah permaneça fechada até novo aviso”. “Sua reabertura será considerada com base no cumprimento do Hamas de sua parte no retorno dos reféns e dos corpos dos mortos, e na implementação do acordo firmado”, afirmou.

O Hamas alertou no sábado à noite que o fechamento da passagem de Rafah causaria “atrasos significativos na recuperação e transferência dos restos mortais”.

De acordo com o plano de 20 pontos de Trump, as forças israelenses se retiraram para além da chamada Linha Amarela, deixando-as no controle de cerca de metade de Gaza, incluindo as fronteiras do território, mas não suas principais cidades.

A guerra, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, matou pelo menos 68.159 pessoas em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas, números que as Nações Unidas consideram confiáveis. Os dados não distinguem entre civis e combatentes, mas indicam que mais da metade dos mortos são mulheres e crianças. Já o ataque do Hamas a Israel em 2023 resultou na morte de 1.221 pessoas, a maioria civis, de acordo com um levantamento da AFP baseado em números oficiais israelenses. (Com AFP)



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