Alcolumbre vai ‘matar no peito’ blindagem e anistia?

por Assessoria de Imprensa


E, de repente, o Senado virou repositório das esperanças nacionais no resgate da moralidade na política, depois que Hugo Motta jogou a Câmara num vale-tudo, com a aprovação simultânea e às pressas da PEC da Blindagem e da urgência para a discussão de um projeto de anistia que ninguém sabe ainda qual será. Mas será que dá para confiar que Davi Alcolumbre vai matar no peito, como asseguram alguns?

O presidente do Senado manifestou publicamente desconforto pelo fato de essa agenda negativa praticamente sequestrar a pauta do Congresso, no momento em que matérias importantes estão à espera de deliberação. Na sessão desta quarta-feira, ele desabafou:

— Estamos com os problemas daqueles que não querem votar a legislação porque ficam se atendo aos debates seja do Judiciário, seja de impeachment de ministro do Supremo, seja de anistia. Então, está impossível…

Essa bronca pública reforçou a aposta do Planalto e de senadores governistas de que ele vai, sim, segurar o que Motta liberou. Acontece que o presidente do partido de Alcolumbre, Antonio Rueda, é um dos principais artífices do pacotão que inclui blindagem e anistia. O segundo é um senador: Ciro Nogueira, presidente da outra metade da sigla surgida da federação União-PP.

O presidente do Senado tem mais autoridade pessoal e é menos refém da influência desses personagens que Motta, que vai se mostrando o presidente mais frágil politicamente da história do parlamento.

O caminho para segurar a PEC da Blindagem parece mais aplainado: em reunião na noite de quarta-feira, Alcolumbre se comprometeu a mandar a proposta para a Comissão de Constituição e Justiça, resistindo a tentativas do Centrão e do PL de atalhar caminhos. Lá, a proposta tende a ser represada ou considerada inconstitucional, numa ação coordenada pelo presidente do colegiado, Otto Alencar (PSD-BA) e pelos senadores do MDB.

Em relação à anistia, vai depender do projeto que sair da Câmara. Alcolumbre era um dos artífices de uma proposta de revisão do Código Penal para permitir que o STF revisse as penas dos condenados do 8 de Janeiro. Mas o casuísmo da medida fez com que ministros do Supremo não topassem um acordo para encaminhar essa saída, e as conversas passaram a andar em círculo.

Outro ponto de atenção: nos últimos tempos, Hugo Motta e Davi Alcolumbre haviam estreitado relações e passado a jogar juntos. Haverá apelos para que o presidente do Senado não “abandone” ou “exponha” o da Câmara num momento em que ele foi para o tudo ou nada com a agenda que foi acordada no motim dos bolsonaristas, semanas atrás.

Como o governo é cada vez mais um ator passivo na relação com o Congresso, surpreendido a cada votação e dependente de articulações nas quais não toma a iniciativa, não se sabe que ascendência Lula e o Planalto poderão ter para fazer diferença no cabo-de-guerra e conseguir fidelizar Alcolumbre. Nesse xadrez, os ministros do STF têm mais peso, mas o fator emendas é um ponto de dúvida, uma vez que o senador do Amapá opera sua distribuição para manter seu poder na Casa que comanda.



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