As ações da Juventus dispararam quase 14% nesta segunda-feira (15), depois que a família italiana Agnelli rejeitou no sábado (13) a surpreendente oferta do grupo de criptomoedas Tether, que avaliava o clube de futebol da Série A italiana em pouco mais de € 1 bilhão (R$ 6,3 bilhões).
Com 36 títulos da Série A, a Juventus é o clube de futebol mais vitorioso da Itália, mas vem apresentando um desempenho abaixo do esperado desde a conquista do nono campeonato consecutivo em 2020 e agora ocupa a quinta posição na tabela. As ações da Juventus perderam 57% do seu valor nos últimos cinco anos, segundo dados da LSEG (London Stock Exchange Group).
Outrora lar de estrelas como Michel Platini, Roberto Baggio, Alessandro Del Piero e Cristiano Ronaldo, a propriedade da Juventus ajudou os Agnelli, a família que criou a fabricante de automóveis Fiat, a construir consenso e popularidade na Itália.
A oferta da Tether, emissora da stablecoin USDT, uma das mais utilizadas no mundo, surge em um momento delicado para os Agnelli.
A família, frequentemente chamada de realeza italiana, iniciou negociações para vender a GEDI, editora dos jornais italianos La Repubblica e La Stampa, provocando greves e preocupações sobre empregos na indústria de mídia local.
Enquanto isso, problemas em seu principal ativo, a empresa automobilística Stellantis
Tether promete investimento no clube
As ações da Juventus subiram na segunda-feira para seu nível mais alto desde 25 de novembro, depois que a holding da família Agnelli, Exor, disse que não tinha intenção de vender nenhuma de suas ações no clube de Turim, apesar de a oferta implicar um prêmio de 21% sobre o preço de fechamento de sexta-feira (12).
Administrada pelo italiano Paolo Ardoino, torcedor da Juventus, a Tether detém uma participação de mais de 10% no clube.
Em comunicado divulgado na sexta-feira, a Tether, com sede em El Salvador, afirmou estar preparada para investir até € 1 bilhão para apoiar o desenvolvimento esportivo e comercial da Juventus.
A Uefa, órgão dirigente do futebol europeu, limita o valor que os clubes podem gastar em transferências de jogadores e salários como proporção de sua receita, tornando mais difícil para novos proprietários gastar somas muito grandes para buscar uma rápida melhoria dos resultados em campo.
A UEFA, entidade que rege o futebol europeu, limita o valor que os clubes podem gastar em transferências e salários de jogadores como proporção de sua receita, dificultando que novos proprietários invistam grandes somas para buscar uma rápida melhora nos resultados em campo.
A Juventus representava cerca de 2% do valor patrimonial líquido da Exor, de acordo com os preços de mercado de sexta-feira, afirmou o analista Martino De Ambroggi, da Equita. Ele observou que a venda teria reduzido a dívida líquida da Exor em cerca de € 650 milhões (R$ 4,1 bilhão), para aproximadamente € 1,6 bilhão (R$ 10,1 bilhões).
Tal alienação também “marcaria a saída de um ativo cujo aumento de capital nos últimos seis anos absorveu cerca de € 600 milhões (R$ 3,8 bilhões)”, acrescentou De Ambroggi.
A stablecoin USDT da Tether domina o mercado de stablecoins referenciadas em dólar americano, representando cerca de 56% do total, segundo o Banco da Itália.
As stablecoins —ativos digitais atrelados a moedas tradicionais, usados principalmente por investidores de criptomoedas— alcançaram um valor de mercado de quase US$ 300 bilhões (R$ 1,6 trilhão) em uma década, com tokens atrelados ao dólar americano representando 98% desse valor.

