Mural mostra um bar antigo, de madeira, com portas duplas, do jeito que o pequeno comércio era há 40 anos

Na fachada da Mercearia Araújo, no bairro Piratininga, uma pintura chama atenção de quem passa. O mural mostra um bar antigo, de madeira, com portas duplas, do jeito que o pequeno comércio era há mais de 40 anos.
A Mercearia Araújo, localizada no bairro Amambaí, mantém viva uma história familiar que começou na década de 1970. Na fachada, um mural retrata fielmente como era o antigo bar de madeira, eternizado por um grafiteiro que faleceu no ano passado. O estabelecimento, fundado por José Faustino de Araújo, passou por gerações e hoje é administrado por sua filha Ivanilde e o marido Toninho. O casal mantém o comércio funcionando diariamente, preservando a tradição e o vínculo com clientes antigos, além de abrigar diversos gatos que fazem parte da rotina do local.
“Esse desenho retrata exatamente como era o bar do meu pai”, conta Ivanilde Flor de Araújo, filha do fundador e hoje responsável pelo local junto com o marido, Antônio Arcanjo, o Toninho. “O artista fez igualzinho. Mostramos uma foto antiga pra ele e ele pintou como se fosse o original. No chão, até hoje tem os ganchos da mesa de sinuca que tinha”, lembra.
A pintura foi feita há dois anos por um grafiteiro que também virou parte dessa história. “Ele ia voltar para retocar, mas acabou falecendo no ano passado. Ficou desse jeito, como ele deixou. É como se tivesse parado no tempo”, diz Toninho.
A Mercearia Araújo, que por anos foi o Empório Araújo, começou ainda na década de 1970, quando o pai de Ivanilde, José Faustino de Araújo, construiu o primeiro prédio de madeira. “Ele mesmo fez as prateleiras, comprou um freezer e começou vendendo pinga. Depois, meu irmão Erivan pegou o acerto do trabalho dele como mirim e decidiu abrir o bar com meu pai”, recorda.
Desde então, o endereço se tornou ponto de encontro dos vizinhos e herança familiar. Depois da morte do irmão, que tocou o negócio por décadas, Ivanilde e o marido decidiram reabrir o espaço.
“Ficou fechado por pouco tempo. Reabrimos porque era da família. A gente sempre morou aqui, cresceu aqui. Todo mundo da família morou nesse mesmo terreno, então não tinha como deixar acabar”, destaca Toninho.
Hoje, o casal mantém o comércio aberto todos os dias, até nos feriados. “A gente abre às nove e fecha só às oito da noite. Domingo até uma da tarde. É direto. A gente mora no fundo, então o serviço nunca para”, explica Toninho.
A mercearia virou também um lar para gatos que têm até crachá de funcionário e circulam entre o balcão e o quintal. “Ele diz que são doze, mas acho que tem mais”, brinca Ivanilde.
Há tanto tempo na mesma esquina, Toninho fala com carinho sobre a ligação que tem com o lugar. “É prazeroso. A gente assumiu porque não queria ver o comércio fechar. E até hoje tem cliente do tempo do meu cunhado que vem aqui. Isso é bonito demais , analisa.
Para Ivanilde, o bar de madeira da pintura pode não existir mais, mas a essência dele segue firme nas mãos de quem nunca deixou a história parar. “Meu pai começou, meu irmão continuou, e agora somos nós”, finaliza.
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