A estratégia de comunicação do governo Lula para combater os efeitos da operação de Castro no Alemão

por Assessoria de Imprensa


O governo Lula tem em mãos os primeiros resultados das medições feitas nas redes sociais sobre a operação que deixou pelo menos 121 mortos no Complexo do Alemão — são, aliás, resultados públicos. Os que são favoráveis à ação do governo Cláudio Castro superaram aqueles que são contra a matança. 

Daí o cuidado da declaração de Lula ontem à noite em sua rede social.

Nela, não falou em matança e não atacou diretamente a operação — o que seus ministros fizeram na véspera. Preferiu sublinhar em primeiro lugar que “não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades”.

E, em seguida, destacou que “precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco. Foi exatamente o que fizemos em agosto na maior operação contra o crime organizado da história do país, que chegou ao coração financeiro de uma grande quadrilha envolvida em venda de drogas, adulteração de combustível e lavagem de dinheiro.”

Note-se, ainda que o texto assinado por Lula quando fala sobre quem não colocar em risco em eventuais operações cita os policiais em primeiro lugar, antes das “crianças e famílias inocentes”. Tudo medido e calculado.

Ao mesmo tempo, a Secom produziu e mandou para a internet ontem à noite um vídeo de 1m11 intitulado “Explicando a operação policial no Rio de Janeiro com inteligência”.

Tenta ser uma resposta didática à operação empreendida pelo governo do Rio de Janeiro. 

Recheado de imagens de violência urbana e com trechos iguais ao post de Lula, começa com uma narradora narrando o seguinte : 

“O crime organizado é um dos maiores problemas do Brasil, ele destrói famílias, oprime moradores e espalha drogas e violência pelas cidades. Por isso, com razão, as pessoas têm medo e raiva do crime organizado. E matar criminosos então parece a solução. É isso que explica a operação no Rio. Só que operações como essa, também colocam policiais, crianças e famílias inocentes em risco. E matar 120 pessoas não adianta nada no combate ao crime. Por que mesmo se forem mortos todos os bandidos amanhã tem outros 120 fazendo o trabalho. Pra combater o crime precisa mirar na cabeça. Mas não de pessoas. Tem que atacar o cérebro e o coração dos grupos criminosos, como o governo fez em agosto desmontando um esquema que ia da venda de drogas ao maior centro financeiro do país. Combate ao crime precisa de mais inteligência e menos sangue…” e segue falando na PEC da Segurança.

Em resumo, a estratégia de Secom de Sidônio Palmeira está sendo: Lula não ataca diretamente a operação no seu post, mas cria um vídeo tentando descontruir o discurso de confronto e sangue da direita — tudo embalado num texto sem agressividade, feito sob medida para tentar chamar a atenção e seduzir os não convertidos.

A guerra da comunicação está apenas começando. 

Hoje, a direita contra-atacará. No fim da tarde no Rio de Janeiro, um grupo de governadores de direita se reunirão com Cláudio Castro para prestar-lhe solidariedade e, claro, atacar o governo. Esse governadores não toparam o encontro se não avaliassem que a opinião pública de direita gostou do que viu no Alemão.



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