Entre senadores do campo da oposição ao Palácio do Planalto, Messias é visto como um quadro “ideológico do PT” e um “cara do Lula e da Dilma”.
Por isso consideram que ele é o mais provável escolhido, e pelo mesmo motivo a tropa de choque bolsonarista já discute em conversas reservadas e em grupos de WhatsApp a melhor estratégia para minar a indicação de Messias. Uma coisa já é certa: a oposição vai resgatar o famoso áudio de uma conversa entre Lula e a então presidente Dilma Rousseff, de março de 2016, no auge da Lava-Jato, quando a petista ainda tentava salvar o seu governo da ameaça do processo de impeachment.
A ideia, que já começou a ser colocada em prática pelo senador Cleitinho (Republicanos-MG), é usar a gravação – em que Dilma se refere a Messias como “Bessias” – não apenas para bombardear a escolha nas redes sociais, mas também para constranger o possível indicado de Lula em sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado – e, claro, tentar angariar o número suficiente de votos para impedir a sua aprovação. Para assumir a cadeira no STF, o indicado pelo presidente da República precisa de ao menos 41 votos.
Na interceptação telefônica que os bolsonaristas pretendem explorar, divulgada pelo então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), Sergio Moro, Dilma diz a Lula que vai enviar a ele o “termo de posse”.
“Seguinte: eu tô mandando o ‘Bessias’ junto com o papel, pra gente ter ele. E só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?”, afirmou Dilma. Na época, Messias era subsecretário de assuntos jurídicos da Casa Civil no Palácio do Planalto.
A trajetória pessoal e profissional de Luiz Inácio Lula da Silva
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Lula é operado às pressas em São Paulo após sentir dor na cabeça — Foto: EVARISTO SA / AFP
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Lula e o presidente da China, Xi Jinping, assinam acordos após reunião no Palácio da Alvorada — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
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Lula toma posse em seu terceiro mandato como Presidente do Brasil — Foto: Hermes de Paula / Agencia O Globo
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Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante caminhada matinal, no Palácio da Alvorada — Foto: Ricardo Stuckert / PR
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Lula e Bolsonaro em debate na eleição de 2022 — Foto: NELSON ALMEIDA / AFP/ 1-10-2022
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ESP – Zurique (Suíça) – O presidente Luiz Inàcio Lula da Silva segura taça na cerimônia que confirma o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 Foto : — Foto: Marcello Casal Jr./ Agência Brasil
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Lula é vacinado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin com a primeira vacina bivalente de COVID no ato de lançamento da Mobilização Nacional pela Vacinação — Foto: Cristiano Mariz/O Globo
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Lula discursou no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC um dia após ser libertado da carceragem da Polícia Federal de Curitiba — Foto: Paulo Pinto/FotosPublicas
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O presidente Barack Obama recebe o presidente Lula no Salão Oval — Foto: Pete Souza
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Roberto Kalil Filho conta a Lula e Marisa que tumor do então ex-presidente regrediu 75%, em 2011 — Foto: Ricardo Stuckert / Instituto Lula
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Lula e a Elizabeth II do Reino Unido, em março de 2006, andam de carruagem em Londres. Na época, os dois esperavam deixar para trás uma disputa sobre o assassinato de um brasileiro pela polícia britânica — Foto: AFP PHOTO/ODD ANDERSEN
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O Presidente Lula na Plataforma P-50 na bacia de Campos — Foto: Custodio Coimbra
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Lula em encontro com o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na Casa Branca, em 2002 — Foto: Roberto Stuckert Filho
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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva recebe de Fernando Henrique Cardoso a faixa de Presidente da República no Parlatório do Palácio do Planalto — Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo
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Lula e Dona Marisa durante visita as Pirâmides de Gize na cidade do Cairo, no Egito — Foto: Roberto Stuckert Filho
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Lula e a Caravana da Cidadania pela cidade pelo Rio São Francisco, em 2002 — Foto: FERNANDO MAIA
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Lula e a Caravana da Cidadania pela cidade pelo Rio São Francisco, em 2002 — Foto: Fernando Maia
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Lula e Fidel Castro em 2003 — Foto: AFP PHOTO/NIURKA BARROSO
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Debate entre Fernando Collor de Mello e Luis Inácio Lula da Silva, em 1989, na Rede Bandeirantes de Televisão. O debate foi mediado por Marília Gabriela e Boris Casoy — Foto: FENANDO MAIA
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O pres. Lula, ao lado do vice-presidente José Alencar, e do ex-presidente Fernando Collor, durante encontro com parlamentares do PTB — Foto: Roberto Stuckert Filho
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Lula faz campanha na barca Rio-Niterói para os candidatos do Partido dos Trabalhadores — Foto: Anibal Philot / Agência O Globo
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Passeata e comício no Anhangabaú – Na foto, Miguel Arraes, Tancredo Neves, Lula (Luís Inácio Lula da Silva) e Ulysses Guimarães — Foto: Antonio Carlos Piccino/ Agência O Globo
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Velório da mãe de Lula, dona Lindu – Eurídice Ferreira de Melo morreu às 11h30 do dia 12 de maio, quando Lula estava no 24º dos 32 dias de prisão. Pouco depois, Lula foi liberado a comparecer ao velório da capela do Hospital da Benificencia Portuguesa em São Caetano do Sul com a condição de não falar com a imprensa e retornar à noite — Foto: Silvio Correa / Agência O Globo
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Luiz Inácio Lula da Silva discursa em São Paulo, em 1987 — Foto: Luiz Luppi
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Lula foi fichado no DOPS, em 1980 — Foto: Divulgação
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Leonel Brizola com Lula, então presidente do sindicato dos metalúrgicos, em 1979 — Foto: Olivio Lamas / Agência O Globo
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À época, a nomeação foi interpretada como uma tentativa desesperada de Dilma para ao mesmo tempo colocar Lula na articulação política do governo, buscando evitar o impeachment, e ainda garantir foro privilegiado ao então ex-presidente, evitando que ele fosse preso por Moro.
Se Messias for indicado, a oposição pretende divulgar o áudio não só nas redes sociais como na própria sabatina em que os senadores avaliam a indicação.
“Os outros candidatos à vaga [Rodrigo Pacheco e Bruno Dantas] não têm vídeo, não têm nada. Mas o ‘Bessias’ tem esse áudio imortal”, disse ao blog um senador que acompanha de perto as movimentações nos bastidores e tem bom trânsito entre lulistas e bolsonaristas.
“Ele é o mais fácil de bater, é só colocar o áudio para falar que ele é o que tentou livrar Lula da prisão. A oposição vai pegar pesado na sabatina contra ele.”
O plano da oposição não surpreende os governistas, que também afirmam não ver problema nisso. Um senador da base aliada do governo Lula disse inclusive à equipe da coluna que considera o episódio superado, além de apontar o fato de Messias ser evangélico como uma espécie de vacina contra ataques muito virulentos.
O advogado-geral da União é da Igreja Batista e, até o início do governo Lula, não costumava falar publicamente sobre sua religião.
Em junho de 2023, foi escalado pelo presidente para representar o governo na Marcha Para Jesus, em São Paulo, mas acabou vaiado ao mencionar o nome de Lula.
— Eu vim aqui dizer pra vocês, a pedido do presidente, que no Brasil há homens e mulheres que vivem para o reino e nós entendemos que nós estamos lá não por nossas próprias pernas, mas fomos escolhidos por Deus. Nosso povo quer paz e nós vamos trabalhar pela paz, foi isso que o presidente pediu que eu falasse pra vocês hoje — declarou Messias na ocasião.
A movimentação frenética e precoce dos bolsonaristas nos bastidores, porém, indica que paz é tudo o que Messias não terá no Senado caso seja indicado por Lula.

