Há 20 anos, São Paulo conquistava o mundo pela 3ª vez – 18/12/2025 – Esporte

por Assessoria de Imprensa


Há 20 anos, em 18 de dezembro de 2005, o São Paulo contrariou os prognósticos e se sagrou o primeiro —e até hoje único clube brasileiro— tricampeão mundial, com vitória por 1 a 0 sobre o Liverpool, no Estádio Internacional de Yokohama, no Japão, gol do volante Mineiro.

Aquela foi a segunda edição do antigo Mundial de Clubes, rebatizado recentemente pela Fifa (Federação Internacional de Futebol) como Copa Intercontinental, e a primeira com a participação dos campeões das seis confederações regionais.

Tendo conquistado o tricampeonato da Copa Libertadores daquele ano sobre o Athletico Paranaense —na primeira final brasileira do torneio—, o São Paulo de 2005 não contava com elenco do mesmo quilate das conquistas de 1992 —com Raí— e de 1993 —com Leonardo.

Sob o comando de Paulo Autuori, a principal liderança era o goleiro e capitão Rogério Ceni, reserva de Zetti em 1993 e consolidado havia quase uma década como titular da meta tricolor.

Enquanto nas duas primeiras conquistas, em Tóquio, o clube do Morumbi teve de fazer apenas um jogo pelo título, contra Barcelona e Milan, em sua terceira participação, sob novo formato, em Yokohama, a estreia aconteceu nas semifinais, contra o Al Ittihad, o campeão asiático.

“O primeiro jogo foi muito importante. O professor Paulo Autuori e o Rogério, nosso patrão, diziam que o principal jogo é o primeiro. Para esquecermos da final e pensarmos na partida contra o Liverpool só depois”, recordou Fabão à Folha, ex-zagueiro que formava a linha de defesa ao lado de Lugano e Edcarlos.

Com dois gols de Amoroso e um de Rogério Ceni, de pênalti —o 21º do goleiro na temporada—, o São Paulo triunfou por 3 a 2, assegurando lugar na final. O time inglês, por sua vez, venceu o costa-riquenho Deportivo Saprissa, campeão da Concacaf (Confederação das Associações de Futebol da América do Norte, Central e Caribe).

“A gente sabia da responsabilidade que carregava por representar o São Paulo. Mas, ao mesmo tempo, das dificuldades e, digamos assim, das impossibilidades do que girava em torno. O Liverpool em um melhor momento e muito mais time que o nosso. Éramos os azarões”, afirmou Cicinho, lateral-direito do São Paulo na decisão.

Na melhor temporada da carreira, Cicinho marcou dez gols e distribuiu 23 assistências em 58 partidas pelo São Paulo em 2005. No ano seguinte, foi vendido para o Real Madrid e convocado por Carlos Alberto Parreira para a Copa do Mundo.

Ele recorda que o time que embarcou para o Japão tinha poucos jogadores com rodagem internacional, com apenas o lateral-esquerdo Júnior e o atacante Amoroso já com alguma experiência de Europa.

“Confesso que me senti mais pressionado na final da Libertadores do que na do Mundial. No Mundial, não vivemos a pressão de ter que ganhar de qualquer jeito”, acrescentou o ex-lateral.

Ele assinalou que o time usou como motivação o “menosprezo” do Liverpool em relação ao São Paulo. “Nas entrevistas, quando perguntados sobre os jogadores do nosso time, diziam que não conheciam ninguém. Nos menosprezaram.”

“Tiveram algumas declarações dizendo que iam ‘passar por cima’ do São Paulo. Isso deu um gás a mais”, endossou Fabão.

O ex-zagueiro destacou também a importância do capitão Rogério Ceni para aquele grupo de jogadores. “O Rogério era nosso grande líder. Ele disse que, se sofrêssemos o gol, para mantermos a tranquilidade e irmos em busca do empate. E, se fizéssemos, para fechar atrás, porque o time dos caras era bom. O que o Rogério nos passou durante a preleção foi praticamente tudo o que aconteceu durante o jogo.”

Cicinho lembrou que, antes de entrar no gramado, o goleiro foi até cada um dos jogadores para pedir o máximo de empenho e disciplina tática. “Eu preciso desse título. Nós precisamos desse título”, afirmou o ex-lateral, ao relembrar as palavras do capitão.

Campeão da Copa das Confederações com a seleção em 2005, Cicinho afirmou que, na pausa para o intervalo, o time foi para os vestiários “grandão”, após um primeiro tempo consistente do sistema defensivo, e com Mineiro abrindo o placar aos 27 minutos, após passe de Aloísio “Chulapa”. O gol encerrou uma sequência de mais de 17 horas do Liverpool sem sofrer gols.

“Quando a bola começou a rolar, depois da pressão inicial do Liverpool, nos entreolhamos como se disséssemos um para o outro: ‘eles não são tudo isso não, vamos jogar e passar por cima deles’”, disse Fabão.

Na volta para o segundo tempo, contudo, precisando reverter o placar, o Liverpool partiu para cima, em um duelo do ataque do time inglês contra a defesa tricolor. “Quando começou a segunda etapa, vimos que os caras eram diferenciados mesmo. E foi sofrimento total”, afirmou Cicinho.

Um dos lances mais marcantes do jogo —que virou tatuagem de torcedores— foi a defesa de mão esquerda de Rogério Ceni, após cobrança de falta de Steven Gerrard no ângulo, no início da etapa complementar.

“Ele tem uma reputação como artilheiro e marcador de gols, mas também é um dos melhores goleiros que já vi”, disse um frustrado Gerrard após a partida sobre o hoje técnico do Bahia.

Fabão afirmou que o time teve uma atuação perfeita do ponto de vista tático, formando a linha de impedimento com precisão para deixar os atacantes em posição irregular. O Liverpool teve dois gols anulados por impedimento no segundo tempo.

“A gente podia estar jogando até agora que não ia ter tomado gol do Liverpool.”

Cicinho disse que a amizade entre os jogadores foi importante para o sucesso daquele ano, com os títulos do Paulista, da Libertadores e do Mundial. “Isso fez total diferença naquele ano brilhante para nós. Aquela equipe não tinha vaidade. O diferencial foi o entendimento que todos tinham da grandeza do São Paulo e de poder representar o clube.”

Segundo Cicinho, “98% daquele time”, incluindo o próprio, era formado por jogadores que aprenderam a amar e se tornaram torcedores do São Paulo.

“Sou são-paulino, torço para o time, e tenho o nome na história. É um grande privilégio”, disse ele. “Se eu tivesse ganhado dez Brasileiros, dez Paulistas ou dez Copas do Brasil, e não tivesse ganhado a Libertadores e o Mundial, não seria tão realizado como sou hoje, porque sei da identificação que a torcida tem com essas competições.”

“A torcida parou a cidade, uma multidão nos esperando no aeroporto. Aquilo ali não tem preço, ficou marcado na minha vida”, afirmou Fabão.



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