Investigado por suposta fraude no sistema financeiro, o dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, também tinha um jeito particular de negociar grandes transações — algo que irritava suas contrapartes na Faria Lima. Um exemplo ocorreu no último grande negócio que fechou antes de ser preso e de ver o Master ser liquidado: a venda de uma fatia de R$ 700 milhões na mineradora Itaminas.
Em meados de junho, enquanto as negociações avançavam, a presença de Vorcaro foi requisitada à mesa para a assinatura de alguns documentos cruciais para que a operação seguisse adiante. Acontece que o banqueiro parecia ter evaporado: não atendia o telefone, não respondia ao WhatsApp e tampouco aparecia em seu luxuosíssimo escritório na Faria Lima.
As outras partes da negociação começaram a ficar preocupadas com o “perdido”, imaginando que algo pudesse ter acontecido. Até que alguém se lembrou de “stalkear” o Instagram da namorada de Vorcaro, Martha Graeff.
Pronto, mistério resolvido: Vorcaro dava um “perdido” em uma transação de R$ 700 milhões na qual ele deveria ser um dos principais interessados porque… precisava surfar na Costa Rica, depois de celebrar o Dia dos Namorados em Miami, onde Martha vive. De fazer inveja a qualquer guru do tal work life balance…
Segundo um executivo de banco que negociou com Vorcaro algumas vezes, esses “perdidos” eram frequentes em todas as transações de que o banqueiro participava.
A venda da participação de 50% de Vorcaro na Itaminas foi finalmente selada no início de novembro. Passaram a controlar sua metade na mineradora os outros sócios da empresa, as famílias Gontijo e Géo. Menos de duas semanas depois, o Master foi liquidado.

