Um nome desponta como o grande favorito de Fernando Haddad para comandar a Comissão de Valores Mobiliários (CVM): o do advogado Ferdinando Lunardi, sócio do E. Munhoz Advogados. Apesar do agudo desfalque no colegiado do órgão, o desafio para o ministro é conseguir fazer a nomeação em meio ao tiroteio entre Executivo e Congresso — o nome precisaria ser sabatinado no Senado.
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Lunardi já foi comunicado da preferência pelo seu nome pela equipe de Haddad, embora a indicação ainda não tenha sido colocada no papel. Se não tem relacionamento direto com o ministro, o advogado é próximo do secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan.
— É um nome de perfil técnico, que passa ao largo da disputa política que esse tipo de indicação costuma despertar, e com muita experiência em conflito societário — conta um amigo de Lunardi à coluna.
De acordo com outra fonte, Haddad pode adotar uma estratégia flexível para a nomeação: em vez de indicá-lo como presidente, apontá-lo como diretor para “administrar as pressões políticas”. Seria uma saída para “manter a CVM viável” mesmo sem um presidente definitivo. Hoje, apenas três das cinco cadeiras do colegiado estão ocupadas — e, na virada do ano, serão apenas duas.
Caso seja nomeado presidente, Lunardi não ocupará o comando do órgão pelos cinco anos de mandato, já que o presidente que assumiu em 2022 — João Pedro Nascimento — renunciou à cadeira em julho. O mandato vigente, portanto, vai até meados de 2027.
Natural de Botucatu (SP), Lunardi é graduado, mestre e doutor em direito pelo Largo de São Francisco (USP) e fez LLM (espécie de mestrado para advogados em países como EUA e Reino Unido) na prestigiada Yale Law School. Além de advogado, dá aulas na graduação em direito do Insper.
Lunardi tem expertise em direito corporativo, mercados de capitais e reestruturações — juntamente com insolvência, essa última área é o carro-chefe do E. Munhoz Advogados. Ele é considerado o braço-direito do fundador, Eduardo Munhoz, que foi seu professor na USP e o chamou para trabalhar já na fundação da banca. À época, Lunardi atuava nos EUA, no escritório Debevoise & Plimpton, especializado em mercado de capitais.
Low profile, o advogado tem poucos registros on-line — diferentemente de seus colegas em grandes bancas de direito, não tem nem mesmo perfil no LinkedIn. Na vida pessoal, é casado com Luciana Dias, ex-diretora da CVM que hoje tem seu próprio escritório e atua como árbitra, conselheira de empresas e professora da FGV. Lunardi foi assessor da própria Luciana Dias na CVM, na primeira metade da década passada.
Enquanto Lunardi ganha pontos no Ministério da Fazenda, alas do Congresso e até do Supremo Tribunal Federal (STF) fazem campanha pela nomeação de Otto Lobo, presidente interino, para o comando do órgão.

