É fundamental entender: qual será o custo desse empréstimo? Qual o prazo de carência? Em quanto tempo e de que forma os Correios pretendem quitá-lo? Sabemos que o Tesouro dará o aval final, mas quais garantias a empresa apresentará? A justificativa divulgada é que o empréstimo é necessário para evitar o colapso dos serviços postais, que estariam à beira da paralisia. Mas qual é o plano de reorganização para que operações desse porte não sejam necessárias novamente nos próximos anos? Por que o desequilíbrio financeiro cresceu tanto? Essas perguntas precisam ser respondidas.
O governo segue tratando com leveza um assunto grave. Este é o maior empréstimo já feito e, se os Correios não comprovarem capacidade de se reorganizar e reduzir prejuízos, a conta acabará no Tesouro. Não havendo um plano consistente, seria até preferível um aporte direto, em vez de oferecer dinheiro fácil para os bancos.
A Comissão Interministerial de Governança Corporativa e da Administração de Participação Societária da União estudam alterar um decreto recém-publicado, o 12.500/2025, autorizando o empréstimo a uma taxa superior a 120% do CDI, segundo reportagem de Patrik Camporez e Mayra Castro, em O Globo. Fala-se em 136% do CDI. Falta informação para que o contribuinte saiba exatamente o que está sendo feito em seu nome. Esse é o ponto. E não pode ser assim.
O ministro Fernando Haddad ressaltou recentemente que o serviço postal é estatal na maior parte do mundo, especialmente em países de grande extensão territorial, por garantir comunicação e entrega de encomendas a todos os pontos do país. Esse valor dos Correios é reconhecido. Mas quanto isso custa ao consumidor? Ser um serviço essencial não significa que deva existir a qualquer preço.

