Campeão da Libertadores como jogador e técnico do Flamengo, Filipe Luís tem lugar cativo na história do clube. Ele ainda pode levantar mais uma taça na quarta-feira, a do Campeonato Brasileiro. A sinergia com os jogadores é enorme. Afinal, não tem muito tempo que era ele ali na lateral e proteção da defesa. Por isso, o pedido unânime dos seus comandados após o título continental sobre o Palmeiras: “Ele tem que ficar”.
O presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, entrou na brincadeira e repetiu a frase. Mas deixou no ar a renovação do contrato do técnico, que se encerra em dezembro deste ano. As negociações para esticar seu vínculo até 2027 estão em andamento desde outubro, mas o martelo não foi batido.
Valores já foram discutidos, mas nada foi definido. O clube sabe que a Europa está de olho nele.
Filipe Luís, no entanto, sequer tocou no assunto. É dia de celebração. Mas fez questão de enaltecer o clube que lhe deu todas as condições de conquistar a América pela segunda vez. E dedicou a conquista aos meninos do Ninho, mortos em um incêndio no centro de treinamento do clube em 2019. Assim como havia feito após vencer a Copa do Brasil, a Supercopa e o Carioca.
— Esses meninos ainda estão comigo. É um momento especial para mim. São muitas horas de trabalho. O treinador é julgado pelo resultado. Foi muito difícil chegar aqui, mas conseguimos nosso grande objetivo. Estou sem assimilar. Foram momentos de muita tensão. Claro que eu esperava, sempre pensei grande. Eu sou muito grato ao Flamengo. Me sinto privilegiado — disse o treinador.
O técnico contou a decisão de escalar o zagueiro Danilo como titular. Havia a expectativa do retorno de Léo Ortiz, o dono da posição ao longo da temporada.
Filipe Luís conversou com o jogador na manhã de ontem antes de definir a equipe titular da final.
— Ele sabe o esforço que fez para estar na final. Falou que queria jogar, mas era melhor ser campeão sem jogar. Se fosse atrapalhar, ele preferia que escolhesse o Danilo. A escolha é minha, mas queria saber o sentimento dele — afirmou.
A confiança no zagueiro era total. Um time campeão se faz com muitos jogadores experientes.
— Danilo, assim como Jorginho e outros nomes, são experientes, cascudos. Hoje, a glória individual levou o Danilo, mas o mais importante é a equipe. Temos que lembrar do Wesley e do Gerson. Sem eles, não estaríamos aqui. Do Pedro também — enumerou o técnico.
Emocionado, o treinador não escondeu o orgulho de ver seu time de coração conquistar tantos títulos em sequência — e com sua participação direta. Bem diferente dos seus tempos de apenas torcedor:
— Essa escolha (de vir para o Flamengo) tem muito a ver com minha esposa. Desde então nunca me senti mais vivo, mais desafiado, mais emocionado… O Flamengo me proporciona isso. A cobrança é infinita, mas a alegria é equivalente. Desde que cheguei aqui fui muito iluminado. Antes de chegar aqui o Flamengo tinha uma final de Libertadores, agora tem cinco e quatro títulos.
Como torcedor e técnico, Filipe Luís destacou a importância da torcida que acompanhou o Flamengo ao longo da temporada até a final de ontem em Lima.
— O AeroFla diz muito do que é o torcedor rubro-negro. Que agora eles possam viver essa alegria com a gente. Como o Zico diz, o torcedor é patrimônio do Flamengo — resumiu.
