A 11ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, realizada pelo DataSenado e pela Nexus em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV), indica que sete em cada dez mulheres que sofreram agressões tiveram a rotina modificada. A estimativa é de que 24 milhões de brasileiras enfrentaram consequências diretas no dia a dia após episódios de violência doméstica. Entre os impactos, 68% relataram mudanças nas relações sociais, 46% afirmaram prejuízos no trabalho remunerado e 42% apontaram dificuldades nos estudos.
A pesquisa mostra que mulheres fora da força de trabalho têm três vezes mais chance de sofrer violência (12%) em comparação às empregadas (4%). Para Maria Teresa Prado, coordenadora do OMV, “os dados revelam que a violência doméstica limita a autonomia das mulheres e pode impedir o acesso a direitos básicos, como estudo e trabalho”. Marcos Ruben de Oliveira, do DataSenado, afirma que “é a primeira vez que mensuramos o impacto da violência em vários aspectos da vida, como trabalho e rotina, e acreditamos que os resultados ajudarão senadores e governo a agir de forma mais efetiva”.
O levantamento também registra que 66% das vítimas têm renda de até dois salários mínimos e mais da metade relata convivência com agressões há mais de um ano. Para Vitória Régia da Silva, da Associação Gênero e Número, “a autonomia econômica é uma política estratégica para enfrentar a violência e reduzir o risco de permanência em ciclos de agressão”. Beatriz Accioly, do Instituto Natura, afirma que políticas integradas entre segurança pública, saúde, assistência, educação e renda são necessárias para garantir respostas contínuas às vítimas. A senadora Augusta Brito, que solicitou o estudo, ressalta que “toda legislação e política pública deveriam ser feitas com base em dados”.
No mesmo período, o Ligue 180 completou 20 anos e registrou 877.197 atendimentos entre janeiro e outubro de 2025, média de 2.895 por dia. Foram 719.968 contatos por telefone, 26.378 pelo WhatsApp, 130.827 por e-mail e 24 por videochamada em Libras. Do total, 126.455 registros foram denúncias, sendo 66% feitas pela própria vítima. O serviço opera 24 horas, é gratuito e oferece orientação em português, inglês e espanhol. Em 2024, o canal havia contabilizado 750.687 atendimentos, alta de 21,6% em relação a 2023.

