Unimed do Brasil assume Ferj sob ameaça de novas descredenciamentos de hospitais. Dívida com prestadores é de cerca de R$ 2 bi

por Assessoria de Imprensa


A assunção da carteira dos beneficiários da Unimed Ferj pela Unimed do Brasil, na última quinta-feira, pode ainda não ser o capítulo final da novela iniciada há mais de uma década com início da derrocada da Unimed-Rio. Isto porque, diante de uma dívida acumulada de cerca de R$ 2 bilhões da cooperativa do Rio com os hospitais, há ameaça de novos descredenciamentos, num contexto em que já são exíguas as opções dos clientes da Unimed para ter acesso ao atendimento no Rio de Janeiro. A Associação dos Hospitais do Estado do Rio de Janeiro (AHERJ)e a Federação de Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado do Rio (FEHERJ) se queixam que não foram ouvidas nesse processo de transferência de carteiras e que não houve, até o momento, nenhuma sinalização de negociação para o pagamento desse passivo.

– A falta de informação aos hospitais, quanto a operacionalização da gestão da Unimed Brasil e sobre como será o pagamento do passivo, hoje em torno de R$ 2 bilhões, estão levando os grandes prestadores a paralisaram os atendimentos. Rede D’Or, Rede Casa, Pronto Baby e vários outros prestadores independentes já deixaram te atender os usuários da Unimed. Se não acontecer uma aproximação amigável entre a rede prestadora, ANS, Unimed Ferj e Unimed do Brasil, não vejo como voltarmos a atender – diz Marcos Quintella, presidente da associação

Para Guilherme Jaccoud, presidente da FEHERJ, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) já deixou claro que não tem nenhum compromisso com os prestadores de serviços dos planos de saúde e não vê nenhuma disposição do presidente da a reguladora, Wadih Damous, para intermediar uma solução para a dívida da cooperativa médica com os hospitais.

– Em toda a negociação, os prestadores ficaram a ver navios.

Damous, por sua vez, diz não entender a ameaça de descrendenciamento dos prestadores, justamente quando a transferência da carteira garante que passem a receber em dia daqui para frente:

– Qual a solução que eles sugerem? A única alternativa que a ANS teria seria liquidar a carteira, que também não resolveria para eles, ficariam todas na rua da amargura. Não faz sentindo ameaçarem parar de atender, se insurgirem justo agora que os pagamentos serão regularizados pela Unimed do Brasil. Muito menos dizer que preferem fechar as portas, como ouvi de um empresário. Não entendo esse raciocínio. Porque sabotar uma iniciativa que vai beneficiar a todos, consumidores e prestadores? – questiona.

– A agência não negocia condições para nenhum prestador em particular. Em nenhum momento, disse que a ANS não tem nada a ver com isso, mas não temos de onde tirar R$ 2 bilhões para pagar essa conta. Não há problema para a agência em intermediar a negociação entre prestadores e Unimed. No entanto, não houve nenhum contato nesse sentido. Apenas o dono da Rede Casa e Pronto Baby me procurou. E não se pode falar em parar de atender assim, há regras estabelecidas inclusive pelo Termo de Compromisso assinado pelos prestadores.

Jaccoud, da AHERJ, afirma que se o Ministério Público obrigar os hospitais a atender, sem que haja uma solução para as dívidas, pode levar a quebra dos prestadores.

Procurada, a Unimed do Brasil enviou ao blog um comunicado direcionado aos prestadores do plano, no último dia 19, no qual afirma que “fará contato direto para dar continuidade às negociações com os parceiros Unimed na rede prestadora, sempre com transparência e foco na manutenção da qualidade assistencial.”

Já a Unimed Ferj faz uma referência pouco específica ao questionamento sobre as dívidas com os prestadores apenas no fim da nota enviada ao blog, informando que fará a renegociação de passivos por meio da receita de 7% do valor das mensalidades que será repassado pela Unimed do Brasil para a instituição entre 1º de dezembro deste ano e 30 de setembro de 2026.

Confira a íntegra das notas:

A partir de 20 de novembro de 2025, a Unimed do Brasil, em parceria com o Sistema Unimed, fica responsável pela assistência aos beneficiários da Unimed Ferj, residentes nas cidades do Rio de Janeiro e Duque de Caxias.

A Unimed do Brasil fará contato direto para dar continuidade às negociações com os parceiros Unimed na rede prestadora, sempre com transparência e foco na manutenção da qualidade assistencial.

Reforçamos que os clientes continuarão utilizando a carteirinha da Unimed Ferj e, portanto, é com este documento que deverão ter acesso ao serviço de saúde. A rede assistencial permanece inalterada.

O pagamento pelos atendimentos realizados até 19 de novembro de 2025 será de responsabilidade exclusiva da Unimed Ferj.

A Unimed do Brasil, em parceria com o Sistema Unimed, está empenhada na viabilização desta transição com o menor impacto possível para os parceiros e beneficiários.

Contamos com a sua compreensão e parceria de agora em diante.”

“Para garantir a assistência aos 370 mil beneficiários da Unimed FERJ em todo o país, entra em vigor nesta quinta-feira, 20 de novembro, o acordo de compartilhamento de risco firmado entre a Unimed FERJ e a Unimed do Brasil. A Unimed do Brasil passa a ser responsável pela assistência aos beneficiários da Unimed FERJ em todo o território nacional, bem como pela relação com os prestadores credenciados. Já os contratos dos beneficiários seguem sob gestão da Unimed FERJ. Segundo o acordo, a Unimed FERJ receberá, em um primeiro momento, 7% do valor arrecadado com o pagamento de mensalidades dos beneficiários, referentes ao período de 1º/12/2025 a 30/9/2026. A partir de 1º/10/2026, o percentual será de 10%. A Unimed FERJ reforça seu compromisso com a transparência e seguirá implantando ações estruturais e técnicas, bem como de renegociação dos passivos por meio da receita obtida com esses percentuais.”



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