avanços históricos, frustrações e o peso da mobilização brasileira

por Assessoria de Imprensa


Quando começou a se falar desta conferência, a primeira afirmação recorrente era de que não seria possível realizar a COP em Belém. A expectativa era de que muita coisa poderia dar errado. Houve o incêndio, é verdade, mas ele foi debelado em seis minutos e sem vítimas fatais. Outro prognóstico era o de que a participação seria baixa; vieram 195 países e houve uma grande participação da sociedade. Logo que os Estados Unidos anunciaram sua saída do Acordo de Paris, havia ainda a expectativa de que outros países — como a Argentina — fariam o mesmo, o que não ocorreu. A saída americana, no entanto, produziu ondas de choque no multilateralismo climático. A Europa ficou mais retraída, assim como a China e outros países importantes apresentaram mudanças de comportamento em relação a outras COPs, mas isso foi superado. Ouvi muito da presidência brasileira — não só do presidente André Corrêa do Lago, mas também da secretária-executiva, Ana Toni — que estavam lutando para manter o multilateralismo climático de pé. E isso teve um bom resultado.

Mas houve a decepção em relação ao mapa do caminho para o fim dos combustíveis fósseis, que ficou fora do documento final, como antecipamos na quinta-feira. Corrêa do Lago disse, no entanto, que a orientação do presidente da República é que o Brasil trabalhe, nos 11 meses que ainda restam na presidência da COP, para começar a esboçar esse mapa do caminho, detalhando como, quando e de que forma poderemos abandonar os combustíveis fósseis. A ministra Marina Silva trabalhou para isso o tempo todo, mobilizou muitos países nessa causa e obteve uma vitória: o tema entrou na agenda. Não conseguimos tudo o que queríamos, é fato. Mas é importante lembrar que esse assunto nunca esteve na agenda e agora saltou na escala de prioridade.

Marina conseguiu que 82 países redigissem um documento, apresentassem uma proposta e se mobilizassem. Colômbia, União Europeia, Reino Unido e Alemanha fizeram várias declarações sobre o quanto era fundamental traçar esse roteiro. A UE chegou a dizer que não aceitaria a proposta de financiamento à adaptação caso o roadmap não entrasse no documento final. Foi difícil encontrar uma forma nova de continuar a discussão sobre esse mapa do caminho. Mas, ao fim, o assunto entrou para a agenda das COPs — e isso se deve, em grande parte, ao trabalho de Marina Silva. Por isso, a ministra foi tão aclamada em seu discurso final: de pé, a plenária a aplaudiu por três minutos.



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