A prisão de Bolsonaro se justifica pelo fato de ele ter quebrado a tornozeleira eletrônica à meia noite, como alega o Ministro Alexandre de Moraes. É um ato de rebeldia e ofensa à justiça.
As outras justificativas para a prisão são dispensáveis, como perturbação à ordem pública. Ora, bastava a polícia separar os manifestantes, deixá-los a uma certa distância. Outras razões alegadas são irrelevantes. Mas, ao romper a tornozeleira , Bolsonaro deu a impressão de que estava começando um momento de negação da justiça brasileira. E imaginar que ele aproveitasse a manifestação a seu favor em frente ao condomínio para tentar fugir é perfeitamente viável. Foi uma demonstração de que ele estava se revoltando contra uma decisão da justiça .
No caso de Lula foi diferente. Bolsonaro já estava preso; se ele se recusa a ficar preso em sua casa é um perigo e deve mesmo ir para prisão preventiva. Lula estava no Sindicato, fazendo a política dele. Quando foi decretada a prisão, ele resistiu, mas em nenhum momento se recusou a ser preso, ou anunciou que haveria resistência dentro do sindicato, embora muita gente quisesse que acontecesse. A justiça deu tempo pra ele tomar sua decisão, que no final foi se render.
Quanto à vigília, aconteceu em Curitiba, e no sindicato dos metalúrgicos, acontece sempre. Os líderes populistas têm a capacidade de reunir milhares de pessoas; basta a polícia se organizar para evitar tumultos. O gesto de romper a tornozeleira, depois de o filho ter convocado uma vigília de resistência justifica a prisão.
Defender o pai é perfeitamente aceitável; o problema é quando se passa da defesa da inocência do pai para uma resistência a decisões da justiça. A vigília que o senador Flávio Bolsonaro convocou foi de combate à justiça brasileira e aí ele exacerbou, passou do limite razoável, e não dá para ser aceito.
Logo Bolsonaro vai ser preso por causa do julgamento, e então terá que definir seu candidato à presidência até o final do ano, ou a direta perde a chance de ser competitiva contra Lula.

