COP30 marca avanço histórico ao incluir afrodescendentes nos textos, mas deixa ações objetivas de fora

por Assessoria de Imprensa


Pela primeira vez na história das COPs, textos centrais das negociações trouxeram menções explícitas a afrodescendentes. As referências aparecem nos documentos de Transição Justa, Plano de Ação de Gênero (GAP) e Objetivos Globais de Adaptação (GGA), além do documento político da presidência, o Mutirão.

Para o Geledés – Instituto da Mulher Negra, que liderou a discussão, a inclusão reconhece que populações negras da diáspora estão entre as mais impactadas pela crise climática e, ao mesmo tempo, entre as que mais produzem soluções, práticas e saberes para enfrentá-la.

No documento final da presidência, o Mutirão, há o reconhecimento da necessidade de considerar “os direitos dos povos indígenas e comunidades locais; seus direitos territoriais; seus conhecimentos tradicionais; e o papel de engajamento desses grupos e também dos afrodescendentes para o progresso coletivo da COP”.

Segundo a Oxfam, a força decisiva da COP segue vindo “do poder das pessoas”. A organização afirma que nenhum outro acordo climático havia enfatizado os direitos humanos com tanta intensidade quanto o de Belém.

“Os povos indígenas, as comunidades quilombolas afrodescendentes, as defensoras dos direitos das mulheres à terra e a sociedade civil no Brasil e no mundo continuam a exigir verdadeira justiça climática. Suas vozes são motivo de esperança. E continuaremos a pressionar governos, a indústria de combustíveis fósseis e os super-ricos por financiamento e ação até que a justiça climática se torne realidade”, diz a entidade.

Para Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil e enviada especial da COP30 para periferias e racismo ambiental, a menção aos afrodescendentes trata-se de um avanço simbólico e político importante, mas ainda faltam ações concretas.

– Ficou menos pior por conta das menções. Mas segue ruim na parte das soluções objetivas. Mulheres negras e outros grupos racializados já estão pagando caro pelos impactos da emergência climática. Os esforços da sociedade civil e da equipe da presidência da COP30 evitaram que tudo desandasse, mas a recusa de partes da COP em fazer uma transição justa para o fim dos combustíveis fósseis é algo preocupante.



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