A retirada pelos Estados Unidos da sobretaxa de 40% de diversos produtos agrícolas é uma vitória da diplomacia brasileira, que não deixou uma agressão, que foi a tomada de decisão do presidente Donald Trump, se transformar em um conflito de maior monta. Com cuidado e muita conversa, com o uso de palavras brandas, mas firmes, o governo conseguiu que fossem retiradas parte da taxação extra imposta a itens brasileiros, não todos ainda, mas houve um grande avanço. As negociações continuam, como já informou o Itamaraty.
É claro que Donald Trump fez isso porque a inflação americana está subindo e o impacto de alguns produtos brasileiros nessa alta, caso do café, é muito visível. Por outro lado, apesar de não ter havido grande dificuldade de realocação do café em outros mercados, os exportadores brasileiros temiam que a retirada do produto do blend que chega às xícaras dos americanos pudesse ameaçar definitivamente a penetração do nosso produto no mercado dos EUA, caso houvesse uma mudança do paladar do consumidor.
A economista Lia Valls, coordenadora do Indicador de Comércio Exterior (Icomex) da FGV Rio, já havia alertado que o bom resultado da balança comercial brasileira não reduzia a emergência de um acordo. Ela apontava o risco de perda de espaço no mercado americano no futuro, mesmo após o fim das tarifas, diante do avanço de acordos bilaterais entre os Estados Unidos e outros países, o que poderia dar mais espaço a produtos concorrentes do brasileiros.
É inegável que a retirada da sobretaxa é importante para os Estados Unidos para o combate à inflação, mas também é inegável a importância para os exportadores brasileiros que não podem se dar o luxo de perder o mercado americano.

