COP30 corre contra o relógio por acordo global

por Assessoria de Imprensa


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou o dia de ontem concentrado nas negociações da 30ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), que ocorre em Belém, em um esforço de última hora para superar impasses e avançar em um acordo global sobre clima. Embora o Palácio do Planalto não tenha divulgado oficialmente a agenda presidencial, Lula permaneceu desde cedo em reuniões com os principais negociadores da conferência.

Segundo integrantes da delegação brasileira, o governo trabalha para apresentar, ainda hoje, um documento parcial com compromissos conjuntos assumidos pelos países — uma iniciativa considerada incomum para as Conferências das Partes. Normalmente, os textos oficiais só são publicados na íntegra, ao final do evento, após dias de tratativas tensas e ajustes diplomáticos. A divulgação antecipada é uma tentativa de dar transparência ao processo de negociação, pressionando os países para avançar nos acordos.

Os trechos mais sensíveis desse documento envolvem, justamente, os principais pontos defendidos pelo Brasil na agenda da emergência climática: a criação de um “mapa do caminho” para a eliminação gradual dos combustíveis fósseis e o aumento do financiamento por parte das nações mais ricas para investimentos nos países em desenvolvimento, principalmente, os ambientalmente vulneráveis. Ambos são temas que enfrentam forte resistência, especialmente dos grandes produtores de petróleo e de países que alegam limitações econômicas para financiar a transição energética global.

Contagem regressiva

A COP30 está prevista para terminar amanhã, na fase de reuniões de alto nível entre ministros, chefes de delegação e líderes políticos. O sucesso da conferência depende, em grande parte, da capacidade dos negociadores de costurar consensos nos próximos dois dias, quando decisões cruciais serão seladas — ou adiadas.

De acordo com fontes do governo, Lula tenta destravar o texto final da COP30, com metas consideradas centrais para a diplomacia brasileira: transição energética, descarbonização, demarcação de terras indígenas e redução do desmatamento. O objetivo estratégico é manter viva a meta global do Acordo de Paris, que limita o aquecimento do planeta a 1,5°C acima da média dos níveis pré-industriais, medida considerada essencial para evitar impactos climáticos catastróficos.

No entanto, o clima de tensão preocupa analistas. Para Flávia Martinelli, especialista em mudanças climáticas do WWF-Brasil, a falta de colaboração nos últimos dias acendeu um alerta sobre o risco de a COP30 fracassar em temas fundamentais de adaptação climática.

“O risco se tornou real depois de uma série de impasses e falta de colaboração nos últimos dias. Adaptação significa perder menos vidas e economias para a crise climática. No entanto, a urgência do tema não parece sensibilizar os países reunidos na COP30, cuja dinâmica tem apontado para a Regra 16, quando não há consenso e as decisões são adiadas. A COP30 só poderá ser chamada de COP da Verdade, da Implementação e até dos Milagres se, de fato, entregar a Agenda de Adaptação”, afirma Martinelli.

Ao longo do dia, Lula participará de encontros com diferentes grupos de negociação, todos acompanhados por autoridades brasileiras diretamente ligadas à agenda climática. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, integra todas as reuniões, ao lado do presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, e do secretário de Clima e Energia do Itamaraty, Maurício Lyrio. A diretora-executiva da conferência, Ana Toni, também participa de todas as agendas reservadas.

À tarde, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, se junta à equipe no encontro com lideranças indígenas e da sociedade civil. Já a reunião com o setor produtivo contará ainda com a presença do governador do Pará, Helder Barbalho, e do ministro das Cidades, Jader Filho, além de representantes da indústria, da agricultura e de governos locais.

 


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