O debate sobre clima e gênero foi o centro das negociações nesta quarta-feira (19/11), na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, com o Dia de Gênero, que reuniu diversas representantes femininas.
Presente no evento, a ministra da Mulher, Márcia Lopes, deixou claro que só é possível haver justiça climática se houver justiça de gênero. “A ciência, os dados e os territórios mostram para nós, todos os dias, que as mulheres são as mais atingidas pela falta de água, pela insegurança alimentar, pela perda de renda e pelo aumento da violência durante os desastres. E esses impactos têm cor e território”, frisou.
Márcia Lopes pontuou que as mulheres são as guardiãs das soluções de enfrentamento aos desafios climáticos. “Elas cuidam das sementes, da água, dos quintais produtivos, mantêm as cozinhas comunitárias, solidárias e as hortas, preservam saberes ancestrais, lideram redes de solidariedade. Os estudos mostram que, quando as mulheres participam da gestão ambiental, os resultados podem ser até sete vezes mais eficazes.”
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Ana Carolina Querino, representante da ONU Mulheres no Brasil, destacou a importância de debater o tema para que as soluções não sejam universais, mas, sim, específicas. “Porque, se as mulheres vêm sofrendo esses efeitos, elas também vêm desenvolvendo, pela sua resiliência, soluções que podem estruturar esses espaços mais formais”, reforçou.
Sobre o evento
O Dia de Gênero nas COPs é complementar ao Programa de Trabalho de Lima sobre Gênero (PTGL), criado em 2014 para promover o equilíbrio de gênero e integrar o tema no trabalho dos países e do secretariado da Convenção do Clima. Com duração de 10 anos, foi prorrogado em decisão da COP29, em Baku, no Azerbaijão, até que seja construído um novo plano.

