A apresentação do monumento “Espírito Guardião Dragão-Onça”, criado pela artista chinesa Huang Jian para a COP30 e inaugurado em Belém, gerou forte reação de religiosos nas redes sociais. A peça, em bronze, une características da onça brasileira e do dragão chinês, e passou a ser interpretada por lideranças evangélicas como representação negativa, despertando debates sobre sua simbologia.
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O apóstolo Estevam Hernandes, da Igreja Renascer e presidente internacional da Marcha para Jesus, divulgou vídeo do monumento e afirmou que a figura, ao unir dragão e onça, “pode representar a fusão da identidade nacional com valores que não refletem nossa tradição cristã”, citando trecho bíblico sobre “um grande dragão vermelho que engana o mundo inteiro”.
Nas publicações, seguidores compartilharam mensagens de reprovação, com frases como “o Brasil é de Jesus” e outras referências religiosas.
A obra, no entanto, foi concebida para representar a junção entre ancestralidade amazônica e elementos da mitologia chinesa, compondo o legado cultural deixado pela conferência. Jian também desenvolveu a escultura “Mãe Brasil”, que retrata uma mulher sobre vitória-régia e permanece na Praça da Bandeira, dentro da Freezone Cultural Action.
A instalação integra ainda a proposta do “Prêmio Dragão-Pantera Guardião para proteção de florestas primárias”, dedicado a iniciativas de preservação ambiental. Para a secretária municipal de Cultura e Turismo, Cilene Sabino, a chegada da peça demonstra a importância do intercâmbio artístico promovido pelo evento, afirmando que Belém recebe “um monumento assinado por uma artista de grande evidência internacional pelo conjunto das obras que ela assina e das doações que ela faz a inúmeros países”.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

