A declaração do chanceler federal da Alemanha, Friedrich Merz, sobre sua passagem por Belém (PA) durante a Cúpula de Líderes causou reações de diversos nomes da política brasileira. Em discurso no Congresso Alemão do Comércio realizado na última semana em Berlim, Merz afirmou que jornalistas alemães que o acompanhavam “ficaram contentes” em deixar “aquele lugar”, referindo-se à capital paraense. O comentário foi interpretado como depreciativo e provocou críticas publicadas nas redes sociais de parlamentares ligados à esquerda, do prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), e do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).
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A manifestação do chanceler ganhou ainda mais repercussão por ter ocorrido apenas duas semanas após a participação de Merz na Cúpula de Líderes, congresso preparatório para a COP30, quando ele prometeu que a Alemanha investiria uma “quantia significativa” no Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), embora não tenha garantido aporte imediato.
Veja reações de políticos brasileiros à fala de Merz
Em um vídeo publicado na tarde desta segunda-feira (17), Normando criticou o chanceler, afirmando que sua fala destilou “preconceito” e “arrogância”. O mandatário afirmou, ainda, que a floresta amazônica “ajudou o mundo inteiro a respirar” e que é hora dos países desenvolvidos, a quem se referiu como “vocês”, terem “empatia” e começarem a ajudar o “povo da floresta”.
Prefeito de Belém reage a declaração de chanceler alemão
“Cada um dá o que tem, e, infelizmente, o Chanceler Alemão destila preconceito e arrogância na sua fala, bem diferente do seu povo, que demonstra nas ruas de Belém o encantamento pela nossa cidade!” escreveu Normando na legenda do post. “Chanceler, nós continuaremos tratando com respeito e alegria todos que nos visitam, afinal, é o que temos de melhor.”
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), rebateu o premiê alemão em suas redes sociais e classificou o comentário como “preconceituoso”:
“O Pará abriu as portas e mostrou a força de um povo acolhedor. Curioso ver quem ajudou a aquecer o planeta estranhar o calor da Amazônia. Um discurso preconceituoso revela mais sobre quem fala do que sobre quem é falado. O futuro pede menos promessas e mais apoio concreto para quem protege as florestas. Aproveito para fazer outra pergunta: quem aqui tem orgulho do Pará e do Brasil? Que levante a mão e comente contra toda forma de preconceito”, escreveu.
As críticas à fala de Merz também se espalharam entre parlamentares ligados à esquerda. O deputado federal Rogério Correia (PT-MG), presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, repostou o trecho divulgado pela DW e legendou o vídeo com um agradecimento irônico pela visita ao país durante a Cúpula:
“Merz, obrigado pela visita em Belém, na COP30. Mas da Alemanha e dos demais países ricos, nós queremos mais o dinheiro para o Fundo Florestas Tropicais para Sempre do que propriamente a sua presença aqui. Estamos aguardando alegres. Abraço ao povo alemão!” escreveu o deputado.
Na mesma linha, a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) classificou a fala do chanceler como “vergonhosa”.
“Vergonhosa a fala de Friedrich Merz, chanceler alemão sobre Belém. Não tem como levar a sério um líder que fala em proteção climática, mas demonstra incômodo ao pisar na maior floresta do planeta. Belém não é desconforto; desconforto é a arrogância europeia fantasiada de diplomacia”, afirmou a parlamentar.
O deputado estadual de São Paulo Guilherme Cortez (PSOL), que esteve em Belém durante a Cúpula de Líderes, também criticou as falas de Merz, a quem chamou de “infeliz”, mas não republicou o vídeo:
“Eu ia chamar de infelizes as declarações do chanceler alemão, mas pra não gostar de Belém tem que ser um ser humano muito infeliz mesmo.”, comentou.
*Estagiário sob supervisão de Daniela Dariano

