No segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025, aplicada neste domingo, uma questão que tratava sobre o monstro-de-gila, ou Heloderma suspectum, chamou a atenção dos candidatos. Trata-se de um lagarto de digestão lenta que produz um veneno essencial para a criação do Ozempic, remédio utilizado para emagrecimento que dominou o mercado nos últimos anos.
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Na questão do Enem 2025, o texto base trazia o contexto da origem do animal e de seu veneno como matéria-prima do medicamento, demonstrando o funcionamento dele como similar ao processo de absorção de alimentos do organismo do lagarto.
— A questão era, na verdade, basicamente sobre essa capacidade de adaptação e em que ambiente brasileiro os animais desse grupo taxonômico poderiam ser encontrados — afirma o professor Pedro Lopes, supervisor de Avaliações do SAS Educação.
De acordo com o Instituto Butantan, o animal se alimenta principalmente de aves, pequenos lagartos, roedores e ovos, podendo consumir até metade do seu próprio peso em uma única refeição e passar meses comer nada. O monstro-de-gila vive em ambientes áridos e semiáridos. Para adaptação ao clima seco, ele fica a maior parte do tempo em tocas se protegendo do sol, nos meses de verão, e hibernando, durante os meses de inverno.
Nativo de desertos e semi-desertos entre as regiões noroeste do México e sudoeste dos Estados Unidos, sua mordida venenosa pode causar complicações para o ser humano. Mesmo assim, o veneno do animal serviu para promover uma revolução farmacológica. Essa espécie específica não pode ser encontrada no Brasil.
Cientistas descobriram que a exendina-4, um hormônio do veneno desse réptil, poderia ser usado para o tratamento de diabetes tipo 2, o que levou ao desenvolvimento de medicamentos, como Ozempic. Esse hormônio desacelera o metabolismo do animal a tal ponto, que ele é capaz de sobreviver por meses sem se alimentar.

