Marcha contra petróleo leva multidão às ruas de Belém

por Assessoria de Imprensa


A Marcha da Cúpula dos Povos, com a participação das ministras Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas), é a maior mobilização popular da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30) até agora. Para a organização da Cúpula dos Povos, a marcha reuniu cerca de 70 mil manifestantes, na maior mobilização popular da COP30 até agora. O objetivo foi cobrar dos países um roteiro para substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia limpa.

Além de ativistas contra as mudanças climáticas, participaram da caminhada movimentos sociais como a Caravana das Respostas, o Movimento Sem Terra (MST), comunidades extrativistas e quilombolas e lideranças indígenas.

Em discurso aos manifestantes, Marina cobrou que os países desenvolvam uma espécie de “mapa do caminho” para o fim do uso de combustíveis fósseis. Segundo ela, o Brasil é exemplo que pode ser seguido, por ter um roteiro rumo ao desmatamento zero.

“O Brasil é o único país do mundo que já tem o mapa do caminho para o fim do desmatamento. Já reduziu o desmatamento na Amazônia em 50%. Comparado com o ano passado, os incêndios diminuíram 80% na Amazônia, 90% no Pantanal e, no cerrado, 48%. Mas ainda não é suficiente. Nosso compromisso é o desmatamento zero”, discursou.

Sônia Guajajara, por sua vez, destacou o fato de as atenções mundiais estarem em Belém para cobrar um entendimento e uma postura da ONU em relação às demandas expressas na manifestação da Cúpula dos Povos.

“Todo o mundo está em Belém ou está de olho em Belém. Chegou a vez da Amazônia falar para o mundo, chegou a vez de encontrarmos o Cerrado, a Mata Atlântica, o Pampa, o Pantanal e a Caatinga, que estão igualmente sendo destruídas. É por isso que aqui (nas ruas) se torna a Zona Azul da COP30, onde se encontram os guardiões e as guardiãs da vida”, disse a ministra, ao relacionar a manifestação de ontem com a Blue Zone, área oficial da conferência, onde autoridades e negociadores debatem os temas que serão objeto de decisões conjuntas.

Enquanto as ministras Marina Silva e Sônia Guajajara discursavam sob um trio elétrico, durante a marcha da Cúpula dos Povos, manifestantes exibiam bandeiras e cartazes contra projetos brasileiros como a exploração de petróleo na Margem Equatorial, a construção da ferrovia Ferrogrão e o decreto federal que abriu caminho para usinas hidrelétricas nos rios Tapajós, Madeira e Tocantins.

O deputado federal Tulio Gadelha (Rede-PE) levantou a bandeira do financiamento climático e criticou países mais ricos. “As pessoas vulnerabilizadas do Sul global são as que sofrem com o aumento da temperatura na Terra. Por isso, a gente precisa fazer com que os países do Norte global paguem a conta”, disse o parlamentar.

Equidade de gênero

Com participações de nomes como a ministra Maria Elizabeth Rocha, do Superior Tribunal Militar (STM), além da atriz e ativista Luiza Brunet e a liderança indígena Luciene Kayabi, a Bancada Feminina na COP30 lançou, ontem, um documento em que reivindica participação “efetiva” e “reparação histórica” das mulheres na agenda climática mundial. O manifesto trata a emergência do clima como uma questão de justiça social e combate às desigualdades de gênero.

Coordenado pelo Grupo Mulheres do Brasil em parceria com organizações como o Instituto AzMina, Elas no Poder e o Instituto Latino-Americano de Governança e Compliance Público (IGCP), o texto estabelece metas para reverter a exclusão feminina dos espaços de poder nas discussões ambientais.

Entre as principais demandas está a destinação de, no mínimo, 20% dos recursos de financiamento climático para projetos liderados por mulheres. A carta propõe ainda a criação do Fundo “Mulheres Guardiãs dos Biomas” e a implantação de cotas femininas em todos os espaços de decisão, especialmente nos cargos políticos relacionados ao meio ambiente.

Em jogo

A Marcha dos Povos marcou o fim da primeira semana da COP30, em Belém. Nos últimos sete dias, negociadores elaboraram textos que serão submetidos, ao longo desta semana, a representantes do alto escalão de governo dos 194 países presentes na conferência para o fechamento de consensos e acordos finais.

 


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