Uma análise feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre a decisão do governo dos Estados Unidos de zerar as tarifas recíprocas de 10% de algumas commodities afetam 11% das exportações brasileiras para o país, um total de US$ 4,6 bilhões. Na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, eliminou as cobranças para produtos como carne bovina, tomate, café, banana, açaí e outros produtos agrícolas.
A medida afeta as exportações brasileiras porque o país é um dos principais exportadores de carne bovina e café aos Estados Unidos. O Brasil, entretanto, ainda está sujeito a uma tarifa punitiva de 40% imposta pelo governo norte-americano. Segundo a CNI, a permanência dessa tarifa reflete a urgência da negociação do governo brasileiro para a redução dessa tarifa, já que países que não enfrentam essa sobretaxa poderão ter mais facilidade para vender esses produtos que o Brasil.
A medida anunciada pelo governo americano visa diminuir os custos para o consumidor americano, em uma tentativa da Casa Branca de reagir à derrota nas eleições locais do início deste mês. É também reconhecimento implícito de que a política tarifária de Trump pressionou os preços nos EUA.
Segundo a CNI, a medida do governo americano de retirar as tarifas recíprocas de 10% para 238 produtos agrícolas se aplica a 80 itens exportados pelo Brasil aos Estados Unidos.
“É muito importante negociar o quanto antes um acordo para que o produto brasileiro volte a competir em condições melhores no principal destino das exportações industriais brasileiras”, afirmou Ricardo Alban, presidente entidade.
A lista de produtos isentos da tarifa adicional de 10% inclui 238 produtos. Entre eles estão carne, café, hortaliças, cera de carnaúba, frutas cítricas, castanha-do-Pará, suco de laranja, fertilizantes e produtos químicos agrícolas. Dos 238 produtos listados, o Brasil exportou 80 no último ano. Entretanto, apenas quatro estão completamente isentos de tarifas. Os outros 76 permanecem com a imposição de 40% sobre a importação ainda em razão da decisão de Trump contra o governo brasileiro em razão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que o governo americano alegou se tratar de uma perseguição, com violação de direitos do ex-presidente.
Membros da equipe econômica do governo Lula viram a decisão como positiva, mas insuficiente, a decisão anunciada ontem por Trump. Técnicos ressaltaram também o fato de que a tarifa sobre produtos brasileiros será reduzida em apenas 10 pontos percentuais, caindo de 50% para 40%.
Os consumidores dos EUA pagaram quase 20% a mais pelo café em setembro em comparação com o ano anterior, de acordo com dados do próprio governo americano. E as vendas de café brasileiro para os EUA desabaram: entre agosto e o fim de outubro, houve uma queda 51,5% em relação ao mesmo período de 2024, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

