O serviço de oncologia pediátrica do hospital universitário Korle Bu, em Acra, capital de Gana, conhecido por seus corredores silenciosos, respirações difíceis e pais agarrados à esperança, mudou brevemente de cenário com a chegada de um homem apelidado de “Superman brasileiro”.
Leonardo Muylaert, de 2,03 metros de altura, vestido com o emblemático traje azul, amarelo e vermelho dos filmes do Superman dos anos 80, encerrou na sexta-feira uma semana de visitas em Gana, em sua primeira viagem à África.
Durante várias horas, os gritos de alegria substituíram a tristeza no serviço do hospital.
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As crianças conectadas aos soros levantaram-se pela primeira vez em dias; outras, com mais dificuldade para se erguer, esboçaram tímidos sorrisos. Por toda parte, seguravam as mãos do “Superman brasileiro”.
Os pais apressaram-se para tirar selfies, e a equipe médica encheu os corredores, muitos com o telefone na mão para registrar o momento.
“Ele foi de leito em leito, prestando atenção a cada criança”, contou uma enfermeira. “Em alguns casos, é a primeira vez que os vemos sorrir em semanas”, acrescentou.
Para Regina Awuku, de 35 anos, cujo filho de cinco anos luta contra a leucemia, o encontro foi um milagre. “Meu filho ficou tão feliz de ver o Superman. Isso significa muito para nós”, confessou à AFP. “Ele estava deitado, imóvel, mas encontrou energia para se levantar assim que o viu. Estávamos há muito tempo esperando aquele sorriso.”
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Leonardo Muylaert, advogado por profissão, disse ter escolhido Gana para comemorar seu aniversário. “Sinto-me próximo da cultura, do legado e da alegria do país”, declarou.
Sua fama disparou após a CCXP 2022, um grande festival de cultura pop, quando viralizou um vídeo do escritor Mark Waid, destacando sua semelhança com Clark Kent. Muylaert então transformou essa notoriedade em compromisso solidário, visitando grupos vulneráveis do Equador à Austrália.
Em Acra, após a visita ao hospital, passou por uma oficina de próteses nos arredores, onde várias crianças amputadas gritaram “Superman!” ao vê-lo entrar em seu jogo de futebol.
Para Akua Sarpong, fundadora da ONG Lifeline for Childhood Cancer Ghana, o efeito foi imediato. “O dia esteve cheio de alegria”, afirmou.
Muylaert destacou que a visita reforça sua crença no poder dos pequenos gestos. “Todo mundo pode ser um herói… Não é preciso uma capa. A felicidade atrai. O sorriso em seus rostos muda o mundo”, declarou à AFP.
“Plantamos uma semente… A ideia é espalhar a felicidade por toda parte. Talvez não mudemos o mundo inteiro, mas se inspirarmos uma pessoa, ela inspirará outra”, acrescentou o Superman solidário antes de retornar ao Brasil.

