Crise climática é de saúde pública, diz o ministro da Saúde

por Assessoria de Imprensa


Instituições filantrópicas globais anunciaram, ontem, a doação de US$ 300 milhões para acelerar soluções em saúde e clima, em parceria com governos e organismos multilaterais. O ato, coordenado pela Coalizão para o Clima e o Bem-Estar da Saúde, fez parte do lançamento do Plano de Ação em Saúde de Belém, apresentado no Dia da Saúde da COP30.

Reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o plano é o primeiro documento internacional voltado exclusivamente à adaptação dos sistemas de saúde aos efeitos do clima.

O anúncio da doação foi feito por Alan Dangour, diretor de Clima e Saúde da Welcome Trust, instituição beneficente inglesa, que integra a coalizão. “Estou muito feliz que hoje pudemos anunciar, comprometendo US$ 300 milhões para ações integradas para combater as causas das mudanças climáticas e suas consequências para a saúde. Essa iniciativa é chamada de Coalizão para o Clima e o Bem-Estar da Saúde. Ela inclui 35 milhões de pessoas no mundo”, afirmou o filantropo.

Os recursos serão aplicados em políticas, pesquisas e inovações voltadas a calor extremo, poluição do ar e doenças infecciosas sensíveis ao clima.

Na cerimônia, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que que “a crise climática já é, antes de tudo, uma crise de saúde pública”. Segundo o ministro, a participação brasileira nesse esforço global reforça o papel do país como articulador da agenda de saúde e clima. “Queremos que cada nação possa adequar seu sistema de saúde à nova realidade climática. A cooperação internacional e o investimento conjunto são essenciais para proteger vidas e evitar custos ainda maiores no futuro”, concluiu.

Padilha explicou que a elaboração do plano começou em maio de 2025, na Assembleia Geral da OMS, quando o Brasil, em parceria com o grupo de Baku, propôs a criação do Dia da Saúde na conferência e o desenvolvimento de um plano global. Ele destacou os custos crescentes das emergências ambientais. “Somente em 2024, os desastres climáticos extremos causaram perdas de US$ 19,2 bilhões na América Latina, sendo que o Brasil arcou com dois terços desse valor. Esses recursos poderiam estar sendo aplicados na prevenção e no fortalecimento dos sistemas de saúde”, afirmou. Segundo o ministro, a nova estratégia busca reduzir esses prejuízos por meio de planejamento, integração e resposta antecipada.

Padilha também apresentou dados que revelam a dimensão do problema. “Mais de 150 mil mortes em 2024 estiveram ligadas a doenças respiratórias provocadas por queimadas, e outras 546 mil foram associadas ao calor extremo”, informou. Ele destacou ainda que o aumento de doenças infecciosas segue o mesmo padrão. “Hoje há registros de dengue em regiões onde o mosquito transmissor não existia, justamente porque a temperatura média deixou de cair o suficiente para interromper sua reprodução”, observou.

O ministro citou o caso da cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, atingida por um ciclone que destruiu cinco das seis unidades de atenção primária.

O Plano de Belém reúne compromissos de países e instituições a partir de três eixos: vigilância integrada, infraestrutura resiliente e cooperação internacional. O objetivo é fortalecer a capacidade dos sistemas de saúde de se anteciparem às crises ambientais e protegerem populações em risco. “É um esforço conjunto para preparar os serviços de saúde frente às emergências climáticas”, explicou Padilha.

*Estagiários sob a supervisão de Edla Lula

 


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