A mineração brasileira participa ativamente dos debates da 30ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), em Belém, com uma agenda que pretende mostrar ao mundo o papel do setor em processo, como transição energética e inclusão social. Por meio do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), representantes do setor participam de debates e reuniões técnicas sobre sustentabilidade, inclusão, inovação e diversidade para mostrar. Segundo a entidade, “as discussões reforçaram o papel da mineração como agente de transformação social, capaz de gerar valor compartilhado, reduzir desigualdades e promover a inclusão de diferentes vozes na agenda ambiental e econômica do país”.
Ontem, a entidade promoveu o painel “Sustentabilidade com Diversidade: Desenvolvimento que Inclui e Transforma”, na Free Zone da COP30. Para a gerente de Sustentabilidade do Ibram, Cláudia Salles, “sustentabilidade não se limita ao meio ambiente, envolve a valorização das pessoas e do território”. Ela explica que “as operações (das mineradoras) permanecem por longos períodos nas regiões onde se instalam” e que “entender nosso papel nesses contextos socioeconômicos é essencial”.
Na sequência, Salles representou o setor no debate sobre economia circular promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no stand da entidade na Blue Zone (área oficial da conferência) da COP30. Segundo a executiva, “a economia circular reduz a pressão sobre os recursos naturais”. Nesta sexta, o debate será sobre minerais essenciais para a transição energética, também no stand da CNI.
“Essa é uma pauta central da COP, e o Ibram compartilha casos de eficiência, circularidade e recuperação de resíduos, incluindo a mineração urbana. O objetivo é transformar o setor mineral em um setor mais responsável, promovendo uma transição justa”, disse ela.
Na véspera, a mineração brasileira foi tema de um encontro na Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), com a presença de executivos das grandes empresas que atuam na Amazônia, para tratar do papel estratégico do setor no desenvolvimento econômico e na transição energética, o principal tema da agenda climática. Para o vice-presidente do Ibram, Fernando Azevedo, a mineração do Século 21 tem um papel estratégico nas relações geopolíticas, com os minerais desempenhando papel cada vez mais indispensáveis para a transição energética.
Era dos metais
“Hoje não se trata mais de defender a mineração, e sim de demonstrar sua importância para o desenvolvimento sustentável. A COP30 tem mostrado isso de forma muito clara, a transição energética e as novas tecnologias dependem, cada vez mais, dos minerais. Nosso desafio é garantir que essa produção ocorra de maneira responsável, sustentável e alinhada aos compromissos climáticos globais”, disse Fernando Azevedo. “A cada passo da tecnologia, há mais minerais envolvidos. A transição energética e a mineração estão na mesma equação: não há como dissociar uma da outra”, concluiu ele.
“A COP30 nos estimula a unirmos esforços para garantir uma mineração cada vez mais responsável e alinhada aos compromissos climáticos globais. Precisamos apoiar as ações que promovam as boas práticas do setor e combatam a atividade ilegal. Acreditamos que é possível conciliar mineração e preservação, e que, juntos, setor público e privado, podemos gerar oportunidades com compromissos sustentáveis para o Brasil, de forma a fortalecer nossa presença no mercado global”, avaliou a CEO da Anglo American e presidente do Conselho Diretor do Ibram, Ana Sanches. “Vivemos a era dos metais, essenciais para o avanço tecnológico e para a transição rumo a uma economia de baixo carbono”, complementou.
O governo federal compartilha essa visão da responsabilidade do setor em relação à emergência climática, à preservação do meio ambiente e ao desenvolvimento de tecnologias de energia limpa. Para a diretora de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Ana Paula Bittencourt, “não há como falar em tecnologia, inovação ou transição energética sem mineração. O setor mineral será essencial para que o Brasil contribua com a agenda global de sustentabilidade”.

