O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que “a crise climática já é, antes de tudo, uma crise de saúde pública”. A fala foi dada durante o lançamento do Plano de Ação em Saúde de Belém, apresentado no Dia da Saúde da COP30. Reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o plano é o primeiro documento internacional dedicado exclusivamente à adaptação dos sistemas de saúde aos efeitos do clima.
A iniciativa coloca o Sistema Único de Saúde (SUS) no centro da resposta brasileira à emergência climática e reforça a integração entre políticas ambientais e sanitárias.
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Padilha explicou, na ocasião, que a mobilização começou em maio de 2025, na Assembleia Geral da OMS, quando o Brasil propôs o desenvolvimento de um plano de ação global. “Essa articulação nasceu da compreensão de que a crise climática impacta diretamente a vida e a saúde das populações. Os efeitos já estão presentes e atingem principalmente as comunidades mais vulneráveis”, disse o ministro.
Durante o anúncio, ele apresentou dados que demonstram a gravidade da situação. “Em 2024, mais de 150 mil mortes estiveram relacionadas a doenças respiratórias causadas por queimadas, e outras 546 mil foram associadas ao calor extremo”, afirmou. Padilha destacou que tragédias recentes reforçam essa ligação. “Quando o clima colapsa, a saúde é a face mais dolorida dos impactos.”
O ministro citou, ainda, o caso da cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Paraná, atingida por um ciclone na semana passada. “O evento destruiu cinco das seis unidades de atenção primária em saúde, interrompendo o acompanhamento de gestantes, a vacinação infantil e o cuidado de pessoas com doenças crônicas. Essas situações mostram a urgência de preparar os serviços para reagir aos eventos extremos”, declarou.
Padilha também alertou para o avanço de doenças infecciosas em novas regiões do país. “Hoje há registros de dengue em áreas onde o mosquito transmissor não existia, justamente porque a temperatura média deixou de cair o suficiente para interromper sua reprodução”, observou.
Plano Belém
O Plano Belém reúne compromissos de países e instituições de todos os continentes e define três eixos principais: vigilância integrada, infraestrutura resiliente e cooperação internacional. O objetivo é ampliar a capacidade dos sistemas de saúde de se anteciparem a crises ambientais e protegerem populações em risco. “É um esforço coletivo para preparar os serviços de saúde frente às emergências climáticas, ajustando a vigilância, o atendimento e a formação de profissionais”, afirmou Padilha.
Ele mencionou a experiência do Rio de Janeiro, onde dados climáticos e de saúde são cruzados em tempo real para orientar gestores sobre variações de temperatura e riscos de surtos. “Esse tipo de integração permite preparar equipes e organizar a resposta do sistema de forma imediata”, disse.
Padilha encerrou destacando que o plano busca fortalecer a cooperação internacional. “Queremos que cada país possa adequar seu sistema de saúde à nova realidade climática. A ação conjunta é essencial para proteger vidas diante dos impactos que já estão em curso”, concluiu.
*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

