Quinze anos após o fechamento do parque temático Terra Encantada, o destino de seus 160 mil metros quadrados em um dos trechos mais valorizados da Barra da Tijuca começa a ser desenhado. O terreno foi dividido em lotes, e uma praça pública com nove mil metros quadrados começa a ser construída este mês em um deles. O acesso se dará por três novas ruas que vão conectar vias internas do bairro à Avenida Ayrton Senna. O principal projeto é um condomínio, o Park Avenue, que terá prédios residenciais e comerciais.
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Gustavo Guerrante, secretário de Desenvolvimento Urbano do município, explica que a revisão do Plano Diretor, feita há mais de um ano, ajudou na proposta para a área.
— Com o novo plano, invertemos a lógica de que as pessoas deveriam trabalhar numa região e voltar para a casa no fim do dia, deixando ambientes desertos — diz.
De acordo com Carlos Bandeira, diretor de incorporação da RJZ Cyrela, proprietária do terreno, o projeto do Park Avenue ainda está em desenvolvimento, sem data de lançamento, e seguirá a demanda do mercado. Falta bater o martelo, por exemplo, sobre metragem das unidades e o total de blocos e apartamentos. O que já está certo é que os prédios deverão ter altura máxima de 34 metros, devido à proximidade do Aeroporto de Jacarepaguá.
Por outro lado, a construtora já definiu o destino de dois lotes comerciais. Um deles, voltado para a Ayrton Senna, será uma filial da rede de saúde Hapvida, que já iniciou os serviços de terraplanagem. O segundo lote será uma escola do Grupo Tamandaré:
— O principal objetivo é que esta região ganhe um novo espaço público de qualidade, com calçadas largas, conectada por 1,4 quilômetro de ciclovias, que seja frequentada pela população e por quem no futuro morar no Park Avenue — explica Bandeira. — As novas ruas também vão permitir melhor fluidez do trânsito naquela área na Barra da Tijuca, com novas ligações para a Ayrton Senna. Vamos terminar essas obras em até um ano.
Em relação à praça, todas as instalações de energia, telefonia e internet serão subterrâneas, sem fios expostos. Haverá ainda parcão (espaço de lazer para animais), dois playgrounds infantis, oito bicicletários com capacidade total de 200 vagas e estacionamento para cem carros, além de árvores como palmeiras e jabuticabeiras.
As novas vias no sentido da Ayrton Senna serão acessadas pela Avenida José Silva Neto, que serve de entrada para o condomínio Península e ao edifício corporativo 02. Esta, por sua vez, já tem conexões com outras vias internas da Barra, pelas quais se chega ao Barra Shopping, Via Parque, Casa Shopping e Hospital Lourenço Jorge, por exemplo.
— Qualquer intervenção que se faça de ampliação de pistas ou de acessos internos vai melhorar a fluidez. Por outro lado, o trânsito tende a aumentar —pondera o presidente da Câmara Comunitária da Barra, Delair Dumbrosck. — Há outros lançamentos imobiliários previstos para o bairro nos próximos anos. Uma das alternativas seria construir um sistema de mergulhões para reduzir a parada em sinais e facilitar os deslocamentos.
O vice-diretor geral do Colégio Tamandaré, Antonio Henrique, diz que já começou as sondagens do terreno e aguarda a licença da prefeitura para iniciar as obras. A previsão é que o colégio, que terá 31 salas de aula para turmas dos ensinos fundamental e médio, fique pronta no fim do primeiro semestre de 2027. Serão oferecidas turmas em meio turno e em tempo integral:
— Essa unidade terá um processo seletivo (prova de acesso) porque queremos ser uma referência no bairro. Devemos trabalhar com algo em torno de 700 a 800 alunos, uma quantidade bem menor do que em outras unidades da rede.
Já a Hapvida pretende construir uma unidade de urgência e emergência, sem internações. Serão 38 consultórios, com diversas especialidades e atendimento 24 horas. O custo do projeto chega a R$ 75 milhões.
— Nós escolhemos o local com base no perfil e o local de residência dos clientes da empresa. Temos a opção de compra de um segundo lote, conforme a demanda — conta André Mello, vice-presidente de infraestrutura da operadora de saúde.
Segundo o executivo, a unidade faz parte de um plano de investimento de R$ 2 bilhões, já anunciado pela empresa, que prevê a abertura de novos hospitais e clínicas no país. Deste total, R$ 380 milhões estão sendo alocados no Rio.
Inaugurado em 1998, o Terra Encantada tinha a proposta de ser um parque temático, aos moldes dos montados pela Disney e pela Universal, nos Estados Unidos, com personagens próprios. Ele funcionou até 2010 quando, em meio a dificuldades financeiras, fechou as portas após uma mulher morrer ao cair da montanha-russa. A projeção de receber um público de 20 mil pessoas por dia também se frustrou —o movimento diário ficava em torno de dois mil visitantes.

