Fernanda de Araújo Esteves, mais conhecida como Fernanda Centaura, se profissionalizou no fisiculturismo em julho deste ano, durante a edição de 2025 do Musclecontest Brazil, campeonato que ocorreu em Curitiba. O título “Overall” –comparação entre os campeões de todas as classes (Júnior, Novice e Open A, por exemplo) de uma mesma divisão– que a concedeu seu cartão profissional, no entanto, foi o terceiro da temporada atual.
Competidora da categoria Women’s Physique, a atleta de Petrópolis (RJ) pratica musculação desde 1995 e já participou até mesmo de competições de halterofilismo. Em entrevista à coluna, a atleta de 46 anos conta que seus primeiros contatos com academia e dieta se deram após situações adversas.
Aos nove anos de idade, Fernanda teve hepatite A, e a complicação fez com que ela tivesse que adaptar seus hábitos alimentares. “Naquela situação, eu já aprendi a fazer dieta. Eu fiquei um ano sob restrição das coisas que eu podia comer.”
Um ano depois de vencer a infecção, a fisiculturista se deparou com uma nova batalha. “Certo dia, fui sair da minha cama, que ficava na parte de cima de um beliche, e caí no chão. Eu simplesmente tinha perdido o movimento das pernas. Falaram no hospital que eu tinha paralisia infantil e que o quadro era irreversível”, relembra.
Fernanda conviveu com o problema por cerca de dois anos, até que, de repente, ela voltou a sentir seus membros inferiores. De acordo com a atleta, os médicos que a atenderam depois do ocorrido “disseram que era um milagre”. Com o objetivo de fortalecer os músculos que foram prejudicados, os profissionais também recomendaram que seus pais a matriculassem na academia. Entretanto, ela só pôde começar a fazer musculação aos 16 por conta das regras que existiam na época.
O sonho
Diferentemente de grande parte dos praticantes de musculação, Fernanda conheceu o fisiculturismo logo após entrar na academia: “Eu lia as revistas que mostravam as mulheres que competiam no Olympia e ficava apaixonada”.
Por falta de oportunidades e diversas situações, o sonho de competir foi deixado de lado. Nesse meio tempo, a fisiculturista se casou duas vezes, teve quatro filhos e chegou a conviver com a obesidade. Contudo, a chama do esporte se reacendeu após a independência de seus dois filhos mais velhos.
“Quando minha filha mais velha se casou, ela nunca mais dependeu financeiramente de mim. Isso abriu uma brecha para que eu pudesse investir um pouco mais no esporte. Eu nunca havia competido e passado por uma preparação, de fato, mas já treinava e fazia dieta (…) depois que o segundo saiu de casa também, decidi entrar de cabeça no fisiculturismo”, explica.
Foi após essa mudança que a carioca fez sua estreia nos palcos, ainda natural e já na Women’s Physique. Atualmente, seu peso de palco é 68kg, mas ela ainda sonha em migrar para a Women’s Bodybuilding.
Centaura
O apelido que Fernanda carrega –e já até pensou em adicionar oficialmente ao seu nome– veio de uma brincadeira com um antigo treinador.
“Eu tive um treinador que brincava falando que o time de atletas dele era como se fosse Nárnia. Um dia, eu disse que não poderia participar da equipe dele pois, em Nárnia, não existe cavalo –na época, algumas pessoas me chamavam por esse apelido. Foi então que rebateu: ‘você não é cavala, você é uma centaura [criatura mitológica que consiste na junção de um cavalo com um humano]’. Eu gostei, e assim surgiu o apelido”, destaca a fluminense.
Hoje, Centaura atua juntamente ao preparador Hélio Henrique. Os planos dos dois para a carreira da fisiculturista são de estrear na IFBB Pro League (International Federation of Bodybuilding & Fitness Professional League, que significa Liga Fitness Profissional da Federação Internacional de Fisiculturismo e Fitness) o quanto antes e buscar uma classificação para o Olympia.
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