A reconstrução das cidades paranaenses atingidas por tornados nos últimos dias demanda uma ação conjunta que envolve o município, o estado e o governo federal. Após o governo local decretar estado de calamidade pública, equipes da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) têm feito vistorias técnicas para analisar a extensão dos danos.
Em Rio Bonito do Iguaçu, onde 90% das estruturas foram danificadas, a Cohapar também prepara um programa habitacional específico para famílias que perderam suas moradias. Desde a madrugada de sábado, mais de 30 equipamentos, entre escavadeiras, caminhões e tratores, atuam na limpeza de entulhos e desobstrução de vias, envolvendo DER-PR, Defesa Civil e prefeituras da região.
Sete pessoas morreram no estado em razão do tornado. Ontem, a Secretaria de Estado da Saúde paranaense atualizou o número de internados: 21 pacientes permanecem em hospitais da região. Em Guarapuava, 13 seguem internados — seis no Hospital São Vicente de Paulo e sete no Hospital Santa Tereza. Em Laranjeiras do Sul, há 5 internados — 2 no Hospital São Lucas e 3 no Instituto São José. No Hospital Universitário de Cascavel, 3 pacientes permanecem sob cuidados.
Desde o início da operação, a Sesa registrou 835 atendimentos em Rio Bonito do Iguaçu e cidades vizinhas, incluindo suporte emergencial de insumos e medicamentos fornecidos pelo Centro de Medicamentos do Paraná (Cemepar) e pela Coordenação de Material e Patrimônio (Comp). O Corpo de Bombeiros confirmou o fim das buscas por desaparecidos, concentrando agora esforços na assistência social e recuperação das áreas atingidas.
Em Guarapuava, Turvo e São José dos Ausentes, os tornados também causaram danos significativos. A Defesa Civil estima prejuízos em residências, comércios, prédios públicos e infraestrutura elétrica. Equipes técnicas seguem em campo realizando levantamentos detalhados para subsidiar ações emergenciais e reconstrução.
Alerta na COP30
O fenômeno meteorológico, classificado como tornado de grande intensidade, atingiu Rio Bonito do Iguaçu por volta das 18h de sexta-feira. O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) confirmou que a tempestade foi uma supercélula que gerou um tornado de categoria F3 na escala Fujita, com ventos estimados entre 300 km/h e 330 km/h. Na mesma noite, outras duas tempestades severas provocaram tornados F2 em Guarapuava, especialmente no distrito de Entre Rios, com ventos próximos de 250 km/h, e em Turvo, com ventos de 200 km/h.
As análises foram realizadas por equipes do Simepar com sobrevoos, inspeções em solo, imagens de radar de Cascavel e registros compartilhados por moradores e veículos de comunicação. Segundo o órgão, a combinação de calor intenso, alta umidade e mudanças na direção e velocidade dos ventos com a altura criou condições favoráveis à formação de tempestades severas e tornados no estado.
O desastre teve repercussão nacional e foi citado na abertura da Cúpula do Clima, ontem, em Belém. A tragédia paranaense foi citada tanto pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, quanto pelo presidente da COP30, em André Corrêa do Lago.
*Estagiária sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza

