Lula viaja para cúpula esvaziada entre UE e Celac na Colômbia para defender paz na região diante de tensões entre EUA e Venezuela

por Assessoria de Imprensa


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca neste domingo para uma reunião de alto-nível, porém esvaziada, entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia na cidade colombiana de Santa Marta. O encontro ocorre em um momento de particular tensão na região, com a mobilização militar americana no entorno da Venezuela, em meio às operações contra barcos supostamente ligados ao narcotráfico. O evento começa com ausências notáveis e cancelamentos de última hora.

Realizada pela última vez em Bruxelas, em 2023, a reunião de cúpula UE-Celac deve durar até segunda-feira. Horas antes do encontro, pouca atividade diplomática estava ocorrendo entre os 27 Estados-membros da União Europeia e os 33 membros da Celac, segundo observadores no salão de convenções do Hotel Estelar Santamar. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, cancelou sua participação de última hora, assim como o presidente uruguaio, Yamandú Orsi, entre outros da região.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, a frente do mandato pro tempore da Celac, denunciou dias antes da cúpula a pressão dos EUA — Washington retirou a certificação de Bogotá como aliada na luta contra as drogas e impôs sanções econômicas contra Petro, argumentando que ele não está fazendo o suficiente para combater o narcotráfico.

— [Essas ausências são um] claro sinal diplomático, motivado principalmente pelo desejo de evitar uma escalada das tensões com o presidente dos EUA, Donald Trump — afirma Alberto Rizzi, cientista político e pesquisador do Conselho Europeu de Relações Exteriores.

A cientista política colombiana Sandra Borda acredita que a “falta de planejamento” e a “improvisação excessiva” na organização da cúpula pela Colômbia também desanimaram muitos.

Trump declarou guerra a cartéis latino-americanos, que partem de barco de portos no Caribe e no Pacífico, a quem culpa pelo crescente consumo de drogas nos Estados Unidos. Petro critica os ataques contra embarcações supostamente ligadas aos grupos, que já deixaram quase 70 mortos.

A participação de Lula foi apontada como um ponto positivo pela organização, contrabalanceando as desistências, no que parte da imprensa internacional apontou como uma oportunidade para o presidente brasileiro se posicionar como “um dos interlocutores mais importantes da região com a Europa”. Fontes ouvidas pelo GLOBO afirmaram que o encontro deve ter como eixo o combate ao crime organizado, levando em conta não apenas os ataques a embarcações venezuelanas por militares americanos, mas também a discussão sobre a classificação de facções criminosas brasileiras como organizações terroristas.

O encontro ganhou novo peso político depois que Lula afirmou, na última terça-feira, que “a cúpula não tem sentido se não tratar dos barcos militares americanos em águas do Caribe”. No dia seguinte, ele decidiu ir pessoalmente a Santa Marta. Outro ponto sobre o qual o presidente brasileiro deve abordar é sobre a pressão dos EUA para que o país classifique o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas. A expectativa é de que Lula defenda que o país não aceite enquadrar o crime organizado sob o conceito de terrorismo e defenda uma abordagem própria, centrada na soberania nacional e na cooperação regional autônoma.

Especialistas não esperam grandes acordos nesta cúpula, que será concluída na segunda-feira com uma declaração conjunta, mas enfatizam que ela poderá impulsionar o muito debatido acordo comercial entre a UE e o Mercosul. Apesar das divergências em questões como a guerra na Ucrânia, que o bloco Celac não condenou oficialmente, a América Latina e a Europa são aliadas fundamentais na troca de tecnologias e matérias-primas. (Com AFP)



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