A proposta brasileira para criar padrões globais no mercado de carbono conquistou respaldo internacional. Reunidos em Belém, representantes de 11 países e blocos econômicos — entre eles China, União Europeia, Alemanha, França, Canadá e Reino Unido — assinaram um compromisso para harmonizar as regras de funcionamento desse setor.
A iniciativa, coordenada pelo Ministério da Fazenda, pretende alinhar parâmetros técnicos entre diferentes sistemas nacionais. A meta é permitir que os créditos de carbono — instrumentos que transformam a redução de emissões em ativos financeiros — tenham o mesmo peso e credibilidade em qualquer parte do mundo.
Hoje, a falta de padronização é um dos principais entraves para o avanço do tema. Cada país adota critérios próprios de monitoramento, relato e verificação (o chamado sistema MRV), o que faz com que créditos idênticos em volume possam ter valores e graus de confiança distintos. Sem regras comuns, mercados regionais não se comunicam entre si, limitando a negociação e o potencial econômico do instrumento.
“Ao promover essa convergência com algumas das maiores economias do mundo, estamos formando regras comuns e estabelecendo um caminho de harmonização das normas entre os países”, afirmou o secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux. Ele classificou o movimento como um “passo histórico” rumo a um mercado mais transparente e integrado.
Com o compromisso, os signatários — Brasil, Alemanha, Armênia, Canadá, Chile, China, França, México, Reino Unido, União Europeia e Zâmbia — vão compartilhar experiências sobre monitoramento de emissões, contabilidade de carbono e mecanismos de intercâmbio de créditos. A expectativa é que o grupo produza, nos próximos meses, uma proposta de diretrizes internacionais para fortalecer a governança e a credibilidade do mercado global de carbono.

