Ariana Grande mostra toda a sua força, às vésperas de estrear ‘Wicked 2’

por Assessoria de Imprensa


“Aceita uma pastilha?”, perguntou Ariana Grande, com uma entonação semelhante ao início de uma música.

Era uma tarde chuvosa de outubro em Nova York, e eu tinha me encontrado com ela nos escritórios do New York Times logo após uma sessão de fotos, mas antes que a estrela superatarefada se juntasse à família para comemorar o aniversário da falecida avó.

— Minha nonna teria completado 100 anos. Vamos falar com as melhores amigas dela pelo FaceTime e jantar todos juntos, então já sei que vou chorar a noite toda — explicou.

Ariana Grande: nova fase nos cinemas — Foto: Geordie Wood/The New York Times
Ariana Grande: nova fase nos cinemas — Foto: Geordie Wood/The New York Times

Os melhores perfumes podem vir em pequenos frascos, como a atriz já cansou de provar. Assim como Kristin Chenoweth, que criou o papel de Glinda na comédia musical da Broadway antes de Grande levá-la às telas em “Wicked”, no ano passado, a estrela de 1,57 metro é uma pequena potência. E a sequência “Wicked: Parte 2”, que estreia nos cinemas no dia 21 deste mês, mostrará seu talento dramático de uma maneira totalmente nova.

Aos 32 anos, Grande já viveu várias fases sob os holofotes: primeiro como adolescente, protagonizando sitcoms da Nickelodeon; depois como princesa do pop, emplacando uma série de sucessos no topo das paradas; e por fim como novata no cinema, cujo primeiro papel importante lhe rendeu uma indicação ao Oscar. Ainda assim, nunca a vimos fazer o que faz na sequência de “Wicked”, que destaca sua personagem de uma forma muito mais significativa do que o público poderia imaginar.

— É estranho agora poder falar disso com as pessoas porque foi segredo um tempão — disse ela.

“Parte 2” começa com a amizade incipiente entre Glinda e Elphaba (Cynthia Erivo) rompida, pois o astuto Mágico (Jeff Goldblum) e sua assistente, Madame Morrible (Michelle Yeoh), rotularam injustamente a verdolenga Elphaba como uma bruxa malvada determinada a destruir Oz. Embora Glinda saiba a verdade, entra na campanha de difamação e adota o novo papel de “bruxa boazinha” e famosa, meticulosamente criado para ser o oposto de Elphaba, alguém que o público possa admirar e idolatrar.

Mas toda essa bajulação e frivolidade têm limite, e as mentiras que Glinda deve repetir com entusiasmo começam a pesar. Seu noivado arranjado com Fiyero (Jonathan Bailey) acaba se revelando uma união especialmente infeliz, já que o príncipe desiludido ainda ama Elphaba. Com a única amiga verdadeira no exílio, Glinda não tem mais ninguém com quem desabafar; enquanto isso, seu mundo de conto de fadas, cuidadosamente construído, desmorona.

Ariana Grande e Cynthia Erivo em "Wicked: Parte 2" — Foto: Divulgação / Universal Pictures
Ariana Grande e Cynthia Erivo em “Wicked: Parte 2” — Foto: Divulgação / Universal Pictures

Na extensa releitura do segundo ato do musical da Broadway, Glinda ganha música solo nova, flashbacks da infância complicada e algumas cenas tão intensas que levaram Grande ao limite:

— No fundo ando bastante ansiosa porque quero que o público veja o resto de sua jornada. No primeiro filme ela já teve uma participação vital, mas no segundo é ainda mais significativa.

Na verdade, o projeto todo dependia muito mais da história de Glinda no segundo filme do que qualquer pessoa envolvida deixou transparecer; mesmo antes do início da produção, quando o diretor Jon M. Chu decidiu dividir a história em dois filmes, deu ao primeiro roteiro uma capa verde e ao segundo, rosa — mas expandir o material também transformou a escolha de Grande para o papel em um risco considerável.

Embora inicialmente preocupado em perder o emprego se ela não se mostrasse à altura do papel, Chu a achou tão convincente como atriz dramática que começou a reformular a continuação baseado nela, chegando a adicionar cenas em flashback para Glinda nas regravações do início deste ano.

— Não sei bem como, mas ela assumiu as rédeas e não me restou alternativa a não ser segui-la e registrar o máximo que pude — afirmou ele.

Algumas semelhanças entre Grande e sua personagem são inegáveis, principalmente quando Glinda lida com as desvantagens inesperadas de se tornar uma figura pública.

— Quando começamos esse projeto, ela me disse que se sentia mais próxima de Galinda (nome da personagem no primeiro filme) do que talvez até de si mesma, pois entendia a luta entre tentar brilhar para as pessoas e entender de onde vinha a luz própria — explicou Chu.

Em “Parte 2”, Glinda está tão preocupada com o poder mágico que lhe falta que mal percebe que há uma força inata de liderança dentro de si. Embora o Mágico e Morrible reconheçam seu carisma desde o início e o explorem em benefício próprio, Glinda leva dois filmes para aprender a usar esse dom para si mesma.

— Eu também estou trabalhando com isso, permitindo-me mergulhar na minha própria magia. É meio engraçado porque, no trabalho, sempre me permiti pedir com gentileza e amor tudo de que preciso, mas quando se trata da vida real, não sei como fazer. Trabalho com isso há anos — confessou ela.

A sobreposição emocional de Grande e sua personagem fez Chu acreditar que tinha cacife para sustentar os momentos mais sombrios do filme, mesmo enfrentando turbulências na vida pessoal durante a produção, incluindo o divórcio e o início do relacionamento subsequente:

— Tinha dias em que estava triste de verdade, mas precisava se abrir ainda mais para interpretar Galinda para nós. Não escondeu nada da câmera.

O grande momento de Grande como intérprete de comédia musical vem no primeiro filme, com a vibração de “Popular”, mas seu maior desafio como atriz dramática se dá no meio do segundo, quando Glinda, desmoralizada, coloca o Mágico e Morrible contra a irmã de Elphaba. Para Grande, superprotetora em relação à imagem de sua personagem, esse momento teve que ser tratado com o máximo cuidado.

— Parece tão bobo, mas ganha um tom pessoal quando as pessoas a acusam de ser a vilã.

No dia em que a cena foi filmada, ela se manteve introspectiva, desenhando um “mapa” para tentar entender o que levou Glinda a esse ponto de ruptura. “Tudo bem que ela tenha um lado negro e que faça algo que não é legal porque é um comportamento plausível.” O que a levou Glinda a esse ponto? Como poderia se redimir? Foram os detalhes que mais motivaram Grande.

Em meados de 2026, quando baixar a poeira de Oz, ela embarcará em um esquema que nunca imaginou seguir novamente: uma turnê em estádios. Com o objetivo de promover o álbum pop lançado no ano passado, “Eternal Sunshine”, os 41 shows serão sua primeira aventura desse tipo em sete anos.

Para Grande, essas sequências de shows sempre foram uma das partes mais complicadas da rotina de uma estrela pop, e há tempos decidira que o giro mundial de cem shows mais que cansativo de 2019 seria o último – mas o trabalho em “Wicked” a fez mudar de ideia. “Algo tinha se rompido na minha relação com a música pop, mas o tempo que passei afastada me ajudou a superar.”

As pressões do estrelato passaram a definir a maior parte de sua vida adulta, à medida que encarava os ciclos acelerados de promoção dos álbuns e o interesse excessivo do público em relação à sua imagem corporal e aos homens com quem namorava, incluindo o falecido rapper Mac Miller, o comediante Pete Davidson e o ator Ethan Slater, que interpreta Boq em “Wicked”.

Sobre esse nível de fama, Grande balançou a cabeça e desabafou:

— Você não consegue se preparar para algo nesse nível. Até pouco tempo atrás, era algo com que eu não conseguia lidar. É um lance que tira minha alegria das coisas.

Vez ou outra Grande conseguiu se livrar da máquina do superestrelato — como em 2016, quando fez uma pausa na promoção de seu álbum “Dangerous Woman” para interpretar Penny na adaptação ao vivo da NBC de “Hairspray”. Por que uma megaestrela pop ficaria tão ansiosa para assumir um papel tão pequeno? Porque lhe ofereceu algo que a carreira musical não podia.

O que vem a seguir? Grande passou o outono filmando “Focker In-Law”, sequência de “Entrando numa Fria” na qual interpreta uma mulher ambiciosa e competitiva que entra em conflito com Greg, interpretado por Ben Stiller, depois de namorar seu filho. Também aparecerá na próxima temporada de “American Horror Story” e já adiantou que fará algo relacionado ao teatro.

Mas não está abandonando a carreira que a tornou uma megaestrela:

— “Claro que a música vai sempre fazer parte da minha vida, mas tenho de deixar claro para os fãs que estão lendo isso, senão vão ter um ataque cardíaco.



Source link

Related Posts

Deixe um Comentário