Mulher organiza viagem de 10 dias para ver a final da Libertadores para quem aceita o “compromisso com a paz”

Juntar flamenguistas e palmeirenses no mesmo ônibus pode até parecer um cenário de filme de ação, mas a empresária Roberta Souza garante que isso é possível, na mais tranquila paz. Acostumada a organizar excursões de torcedores para grandes jogos, ela se prepara para um dos maiores desafios da carreira.
Roberta Souza, organizadora de excursões esportivas, prepara uma viagem inédita: levar torcedores de Flamengo e Palmeiras no mesmo ônibus para a final da Libertadores em Lima, Peru. A jornada de dez dias inclui passagem pela Bolívia e custará entre R$ 2.650 e R$ 3 mil por pessoa, apenas o transporte. Com experiência em organizar caravanas há três anos em Campo Grande, Roberta garante que a mistura de torcidas é segura, pois seu público é formado por famílias. A viagem será realizada em parceria com um grupo de São Paulo, devido aos altos custos operacionais, que chegam a R$ 150 mil apenas para o aluguel do ônibus.
Depois de levar grupos ao Maracanã, Allianz Parque e ao Neoquímica, a missão agora é colocar torcedores do Flamengo e do Palmeiras dentro do mesmo ônibus em uma viagem de dez dias até Lima, no Peru, para a final da Libertadores que será no 29 de novembro.
Ela diz que a viagem é para “gente do bem” e “de família”. Acostumada a fazer viagens do tipo, ela garante que, mesmo juntando pessoas de torcidas rivais, tudo segue em pleno sossego e que pancadaria não é nem cogitada.
Me chamaram de maluca por misturar as torcidas, mas o que a gente faz é realizar sonhos. Não tem briga porque o pessoal que viaja comigo não é de torcida organizada. São famílias, pais, filhos, casais que vão para viver essa experiência”, explica Roberta.
Há cerca de três anos, Roberta organiza caravanas saindo de Campo Grande rumo aos maiores estádios do Brasil. O formato costuma ser bate-volta, com paradas em praias e pontos turísticos.
“Quando vamos ao Maracanã, por exemplo, saímos um dia antes, passamos a manhã em Copacabana, depois seguimos para o estádio e voltamos no mesmo dia. É cansativo, mas o pessoal adora”, conta.
Desta vez, a viagem para Lima será uma parceria com um grupo de São Paulo, já que, segundo Roberta, nenhum ônibus de Campo Grande aceitou o trajeto completo por conta da distância, das exigências de seguro e dos custos.
“Só o aluguel de um ônibus para ir até o Peru sai em torno de R$ 150 mil. Então, o pessoal de São Paulo vai sair de lá e passar por Campo Grande para buscar os torcedores daqui. É a forma que encontramos de viabilizar a viagem”, explica.
A rota inclui passagem pela Bolívia, com várias paradas para descanso, alimentação e banho. A saída está prevista para o dia 25 de novembro, e a chegada a Lima deve acontecer no dia 30, data do jogo. “A gente assiste à final e já volta no dia seguinte. É puxado, mas quem vai, vai pela paixão”, resume.
O custo também exige fôlego. A poltrona normal sai por R$ 2.650, e o leito custa R$ 3 mil. Já o ingresso, vendido por meio de agências parceiras, varia de R$ 2 mil a R$ 3 mil, dependendo do setor e do clube. “Tem gente que vai de avião e encontra a gente lá, outros fazem só o trecho de ônibus. Cada um escolhe o jeito que cabe no bolso e no tempo”, detalha.
Mesmo com as dificuldades, Roberta se diz confiante. “Já levei flamenguistas e palmeirenses juntos em outras viagens, como na qual fizemos para Manaus, e nunca tivemos problemas. O segredo é o respeito. Eu sempre aviso que a ideia é curtir, conhecer o estádio, o lugar e viver o futebol do jeito bonito”, destaca.
Segundo ela, o primeiro torcedor que confirmou presença no ônibus misto é palmeirense de Campo Grande. “O pessoal entendeu que não dá para fechar um ônibus só para uma torcida. E, no fim, o que vale é estar lá, vendo o time disputar a Libertadores”, comenta.
Ao todo, ela já transportou centenas de torcedores de Mato Grosso do Sul e de outros estados. “Tem gente de Cuiabá, por exemplo, que vem só para embarcar com a gente. Agora, para o jogo do Flamengo e Santos, vai vir uma família em que o marido é santista e a mulher e o filho são flamenguistas. É a prova de que dá para torcer junto, sem brigar”, relata.
Para Roberta, o trabalho vai além de vender pacotes, mas é realizar o sonho de quem sempre quis viver o clima de um grande jogo. “A emoção de ver o estádio cheio, cantar o hino do seu time e sentir aquela energia é única. E é muito bom saber que eu posso ajudar alguém a viver isso”, finaliza.
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