José Alves de Moura bem que tentou. Durante um banquete para receber os recém-chegados príncipe Charles e princesa Diana no Palácio do Itamaraty, em Brasília, o então famoso Beijoqueiro entrou numa carreira desabalada em meio aos convidados. Passou batido pelos Dragões da Independência, mas foi contido por seguranças, que o arrastaram pela gola enquanto ele gritava suas queixas.
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Horas antes, na manhã daquela terça-feira, Moura já tinha realizado a primeira investida. Enquanto o então presidente da República, Fernando Collor de Melo, conversava com o herdeiro do trono britânico no Palácio do Planalto, o Beijoqueiro levava à loucura cerca de 20 agentes federais, que corriam de um lado a outro, com os braços abertos, fechando a passagem.
“Eu quero beijar o príncipe e o presidente. Se vocês não me deixarem, vou me jogar no fosso”, berrou Moura, dando um show na frente dos repórteres.
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Ele correu para a rampa do palácio, mas foi impedido. Queria entrar de qualquer jeito. Ajoelhou-se aos prantos diante dos sentinelas no Batalhão de Guarda, mas nada disso comoveu o chefe da segurança, o militar Darke Nunes, que avisou: “Se subir essa rampa, vai morrer”. Moura, então, preferiu não ser baleado tentando sapecar um beijo na bochecha branquela do nobre inglês.
O Beijoqueiro talvez tenha sido o único brasileiro fora do governo mais interessado em Charles do que em Diana. Desde o momento em que o casal pôs os pés na Base Aérea de Brasília, no dia 22 de abril de 1991, a atenção do público se voltou principalmente para a princesa de Gales. Visivelmente tímida entre autoridades oficiais, ela abria um sorriso genuíno quando se afastava do marido e ficava entre crianças, por exemplo, andando de mãos dadas ou pegando-as no colo sem fazer cerimônia.
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O príncipe de Gales, hoje rei da Inglaterra, veio ao Brasil promover uma agenda ambiental, um ano antes da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, mais conhecida como ECO-92, que aconteceria no Rio. No primeiro encontro com Collor, os dois líderes conversaram sobre o seminário do que qual eles participariam a bordo do iate “Brittannia”, em Belém, no Pará, Belém, dali a três dias.
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Agora, quase 35 anos depois, o príncipe Wiliam, filho mais velho do casal, está no Rio também para cumprir uma agenda ambiental, dias antes da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém. Nesta quarta-feira, durante uma visita ao Cristo Redentor, William posou para uma foto no mesmo local de uma foto famosa de Diana, com a cidade ao fundo.
De Brasília, Charles e Diana foram para Eldorado do Carajás, no Pará, onde conheceram a área de exploração mineral do Projeto Grande Carajás, da Companhia Vale do Rio Doce, a estatal que, em 1997, foi privatizada e, em 2007, passou a se chamar Vale. A princesa visitou ainda o Centro Educacional de Carajás, enquanto o príncipe foi para o Centro de Formação Profissional de Carajás.
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As crianças estavam orientadas a não falar alto e a não arrastar cadeiras, mas a euforia dos pequenos e a simpatia da visitante quebraram protocolos. A princesa percorreu a escola de mãos dadas com alunos, conversou com as crianças da turma de inglês e assistiu à peça “A bela e o príncipe”.
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Em São Paulo, Charles discursou no Fórum dos Empresários sobre Meio Ambiente e Comunidade. O príncipe alertou que a economia global estava apoiada num sistema que levaria o mundo ao desastre: “A mesma tecnologia que nos traz qualidade de vida tem um sinistro potencial de tornar irreversível a destruição da capacidade das futuras gerações satisfazerem suas necessidades”, disse ele.
Já Diana fez uma visita à escola britânica St. Paul, no bairro de Pinheiros, então uma das mais caras de São Paulo. De tarde, foi a uma unidade da Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem). Após percorrer o prédio, que abrigava 366 crianças, ela segurou no colo uma criança que vivia com vírus HIV e se sentou no refeitório com menores que comiam bolo de chocolate e tomavam limonada.
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Já em seu primeiro dia no Rio, Diana visitou a enfermaria para pacientes com aids no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na Ilha do Fundão. Enquanto ela estava lá, alunos de Medicina da UFRJ distribuíram panfletos denunciando que apenas as alas que seriam visitadas pela princesa foram reformadas. O panfleto listava uma série de problemas enfrentados pelo hospital universitário.
O príncipe Charles não esteve no Rio com Diana. O casal se dividiu após a visita a Sâo Paulo, e ele foi ao Espírito Santo, onde conheceu projetos sustentáveis da empresa Aracruz Celulose.
Diana tomou o Trem do Corcovado até o Cristo Redentor. Depois, subiu os 216 degraus do acesso à estátua fazendo paradas para descansar e, no topo, observou a paisagem perguntando sobre pontos turísticos lá embaixo. A professora Solange Meldalane driblou a segurança e conseguiu um autógrafo em seu exemplar de uma revista inglesa sobre o casamento de Diana com Charles.
Do Rio, a princesa de Gales tomou um avião para conhecer as cataratas de Foz do Iguaçu, mas voltou a tempo de assistir a um espetáculo da companhia de dança Grupo Corpo, no Teatro Municipal. No meio da apresentação, um problema na mesa de som causou uma queda de energia de sete minutos. Muita gente não teve paciência para esperar, mas a inglesa se manteve sentada até o fim.
Aquele foi o último compromisso no Rio. Na manhã seguinte, uma aglomeração se formou em frente ao hotel Copacabana Palace para se despedir da princesa. Ela ainda aceitou as flores entregues por um menino antes de entrar no Rolls Royce que a levou para a Base Aérea do Galeão.
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