O vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Kassio Nunes Marques, se tornou a esperança para travar o julgamento de duas ações que podem cassar o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, e torná-lo inelegível. A análise dos processos acontecerá na próxima terça-feira (4).
Entre aliados do governador, dentro e fora de seu partido, o PL, a avaliação é que um pedido de vista de Nunes Marques seria, hoje, o único caminho capaz de frear as ações e poupar o governador. Diante disso, interlocutores dos acusados estão trabalhando com afinco para que o ministro paralise o julgamento.
O pedido de vista teria o poder de suspender a análise do processo por 60 dias, adiando o desfecho para fevereiro de 2026. A expectativa é de que, nesse momento, a tensão política possa ter diminuído. Há, no entanto, dúvida se Nunes Marques aceitará a pressão para segurar a ação.
A ministra Isabel Gallotti, relatora do processo, termina seu mandato no TSE em menos de um mês e liberou os casos que considera prioritários para serem analisados antes de deixar a Corte.
Como informou a equipe da colunista Malu Gaspar, no entorno de Castro, a avaliação é de que o TSE teria agido politicamente e feito um “movimento casado” com o governo federal, ao pautar o julgamento das ações em meio à repercussão da operação policial mais letal da história do Rio, que culminou em mais de 120 mortes.
No grupo do governador, é feita a leitura de que o desgaste causado entre o governo Lula e Castro, em meio à operação no Rio e ao contexto político, não só teve peso para que as ações fossem pautadas no TSE como também terá influência em uma possível condenação do governador.
Há poucas semanas, o clima entre aliados e integrantes das defesas de Castro e do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil) era de otimismo. A crença era de que não havia previsão alguma de data para o julgamento. Ambos são acusados de abuso de poder político e econômico no financiamento de projetos da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Ceperj) e da Uerj em 2022.
Com a decisão da presidente do TSE, Cármen Lúcia, de pautar o caso, a tensão passou a imperar entre o governador e seu grupo político.
Em maio, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) foi contra a cassação do governador. O Ministério Público Eleitoral recorreu ao TSE e voltou a pedir a cassação de Castro.

