Depois que acordou ela escreveu um livro e reformou a ala oncológica de hospital

Por muito tempo, Graziela Alencar, de 49 anos, tentou decifrar o que o próprio corpo queria dizer. A barriga inchava e as dores não davam trégua. Os diagnósticos iniciais eram que os sintomas não passavam da “síndrome do intestino irritável” ou uma “alergia à lactose”. O que ela, nem ninguém, esperava era que o quadro acabasse com coma por 10 dias, um tratamento para câncer e com a voz de Deus.
Graziela Alencar, de 49 anos, enfrentou uma jornada desafiadora que começou com sintomas aparentemente simples e culminou em uma cirurgia de emergência e coma por 10 dias. Após receber diagnóstico de câncer e passar por tratamento quimioterápico, ela relata ter vivido experiências sobrenaturais durante sua internação. Inspirada por sua própria experiência, Graziela criou o projeto Semeando Vidas e liderou a reforma da ala oncológica do Hospital Regional. A iniciativa transformou o ambiente hospitalar em um espaço mais acolhedor, com cores vibrantes e uma porta de vidro que permite aos pacientes manterem contato com o mundo exterior durante o tratamento.
Foi assim, nesse cenário de hospital, que ela diz ter vivido uma experiência sobrenatural e ouvido o que precisava fazer quando acordasse. Uma dessas coisas foi a reforma da ala oncológica do Hospital Regional.
“Eu fui hospitalizada, parecia uma grávida de nove meses e tinha muita cólica”, lembra. O que parecia um cisto simples virou um quadro grave que a levaria a viver uma das experiências mais intensas da sua vida.
Em dezembro de 2023, ela passou mal pela quarta vez. A barriga inchou e não parou mais. Em janeiro de 2024, ela não aguentou. Sem conseguir comer, apenas à base de dipirona, Graziela decidiu procurar uma gastroenterologista.
“O médico me olhou e falou que eu estava com aceleração cardíaca. Eu não estava sentindo, só sentia falta de ar e a barriga pesada.” Durante o ultrassom, que demorou mais de uma hora, ela conta ter feito um pedido: “Nesse período eu pedia muito para Deus me curar.”
Pouco depois, viveu o que chama de “experiência sobrenatural”. “Levei o resultado ao médico e vi uma luz que me disse que não seria nada, que era pra eu ficar tranquila.” Mas o diagnóstico veio duro: o médico disse que ela estava morrendo e que tinha que tirar o líquido com urgência.
Internada Graziela acreditava que faria apenas um procedimento simples de 1h30 e que logo voltaria para casa. A história não foi bem assim. A operação demorou 5h.
“Eu fiquei dormindo em uma cadeira porque não conseguia deitar.” No dia seguinte, um médico se apresentou e, novamente, ela viu a luz, desta vez, envolta dele. A cirurgia seria por vídeo, mas o caso se complicou e ela ficou em coma por 10 dias, 3 deles entubada.
Nesse período, ela diz ter ido “para o céu” e acredita que foi curada ali. “Fiz uma cirurgia, não sabia o que tinha acontecido comigo. Teve que rasgar meu abdômen e recortar meu intestino. Fiquei entre a vida e a morte. Quando acordei, o médico me contou tudo o que aconteceu. Falou que eu estava curada, que tirou tudo de mim.”
O resultado confirmou o diagnóstico positivo para câncer próximo do ovário, mas a cirurgia havia retirado tudo. Toda a história virou livro.
“Fui para quimio de maneira preventiva. Fiz quatro meses.” Foi lá, na quimioterapia, que ela conheceu o Seu José, com quem iniciou o gesto que se tornaria sagrado: cafés da manhã nas alas oncológicas dos hospitais.
Assim nasceu o projeto Semeando Vidas, com a proposta de levar esperança a outros pacientes em tratamento. Um dos atos foi reformar o setor do Hospital Regional. Além de pintar e refazer o design interno, ela criou mais duas salas.

“Eu, quando passei pelo processo, percebi que faltavam algumas coisas, principalmente a beleza. Era tudo muito frio, feio, e eu quis trazer a beleza da natureza, trazer luz para aquele lugar. Queria que as pessoas pudessem enxergar lá fora. Agora tem uma porta de vidro que nós colocamos para poder ver o sol, a chuva, os passarinhos. Porque você fica dentro de uma sala branca, muitas vezes o dia inteiro, tomando infusão.”
Segundo ela, tudo ali foi mudado. A ideia é mostrar que as pessoas estão vivas ainda, que precisam de cor e sons.
“Transformei todo aquele espaço em uma sala acolhedora, bonita e iluminada, cheia de vida. O que tem lá dentro são as pessoas que estão vivas, não estão mortas. E foi pra isso que eu fiz: pra trazer a mudança, a transformação naquele setor, para que as pessoas pudessem ter o acolhimento que precisam e trazer vida, que elas pudessem entender que aquilo ali é uma passagem, não é o destino delas. Tem começo, meio e fim.”
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