Embora argentinófilo e tendo vivido no país no passado, estou em Nova York e, no caso dessa votação, preciso falar do papel de Donald Trump. O líder americano apostou suas fichas em Milei, recebeu o presidente argentino na Casa Branca e ainda prometeu dezenas de bilhões de dólares em um swap para a compra de pesos. A arriscada manobra, criticada pela ala isolacionista do seu movimento MAGA (Make America Great Again), acabou por ser vista como uma vitória do republicano.
Para Trump, o sucesso dos libertários deve-se tanto a ele quanto a Milei. Basta observar sua mensagem nesta manhã de segunda nas redes sociais: “Grande vitória de Javier Milei na Argentina, um fantástico candidato apoiado por Trump”.
O sucesso político de Milei pode ajudar, ainda que momentaneamente, o presidente dos EUA a calar os integrantes do trumpismo que discordaram do suporte financeiro ao líder argentino. Afinal, na visão deles, Trump estaria colocando a Argentina, e não os EUA, em primeiro lugar. Lembram também que os argentinos são concorrentes dos norte-americanos em alguns setores agrícolas. Com a vitória e uma possível valorização do peso, Trump pode argumentar agora que Washington ganhou dinheiro com a ajuda a Buenos Aires.
O republicano também passa uma mensagem a líderes sul-americanos de que você podem ter benefícios caso se aliem aos EUA, como Milei. Mas pode sofrer péssimas consequências, e até sanções, caso decidam enfrentá-lo, como o presidente da Colômbia, Gustavo Petro.

