Com a experiência de quem já viveu um século, ela ainda deu um conselho aos leitores do Lado B
Com simpatia e uma lucidez que impressiona, Dona Leonor Gomes do Nascimento comemorou, neste fim de semana, 100 anos de vida, cercada por filhos, netos, bisnetos, tataranetos e agregados da família, todos reunidos na casa dela, em Campo Grande. A festa, marcada por emoção e alegria, celebrou a história de uma mulher corajosa que dedicou a vida ao trabalho e à família.
Leonor Gomes do Nascimento celebrou seu centenário em Campo Grande, rodeada por familiares. Natural de Lins (SP), ela construiu sua vida na capital sul-mato-grossense trabalhando como lavadeira e passadeira para sustentar sua única filha, Maria Luiza. Aos 100 anos, dona Leonor mantém sua independência, realizando tarefas domésticas sozinha e preservando sua lucidez. Mãe de uma filha, ela possui quatro netos, sete bisnetos e três tataranetos, que se reuniram para celebrar sua trajetória de vida marcada por trabalho, perseverança e dedicação à família.
Filha única, Maria Luiza Gomes de Oliveira, de 61 anos, conta que a mãe nasceu em Lins, no interior de São Paulo, mas mudou-se ainda jovem para Dourados, onde se casou. Quando Maria tinha cinco anos, as duas vieram para Campo Grande e foi aqui que dona Leonor construiu a vida.
“Ela trabalhou de lavadeira e passadeira para me sustentar. A gente morava de aluguel o tempo todo, mas ela nunca desanimou”, relembra Maria.
Hoje, dona Leonor continua surpreendendo quem convive com ela. “Ela é totalmente lúcida. Limpa a casa, esquenta comida, cata brinquedo dos netos no quintal, briga, toma banho sozinha, come sozinha, tudo sozinha. Não depende de mim pra nada”, conta a filha.
Mesmo chegando ao centenário, Dona Leonor mantém o bom humor e a simplicidade de quem viveu muito, mas ainda tem sede de vida. “Eu sempre quero trabalhar mais, mas não posso mais. A força não dá. Eu era doida pra fazer tudo, e agora tô meio cansada”, brinca.
Quando é perguntada se ainda quer viver mais, ela responde sem pensar: “Ah, se Deus me der mais um ano de vida, tá bom. Tem hora que parece que eu quero acabar, mas tem hora que eu tenho tanta alegria. Hoje eu tô tendo alegria com a paz, né?”, diz.
A alegria a que se refere veio da presença de dezenas de parentes que encheram o quintal em uma daquelas festas que reúnem quem é de perto e de longe. Houve até uma camiseta oficial da turma com a foto dela impressa. Dona Leonor é mãe de Maria, avó de quatro netos, bisavó de sete bisnetos e tataravó de três tataranetos, todos reunidos para celebrar a vida da matriarca.
“É bom estar com Deus, com os parentes. Faltou só um irmão que eu mando procurar, mas não vem. O resto tá tudo aqui,” destaca.
Com a experiência de quem já viu um século passar diante dos olhos, Leonor deixou uma mensagem para os mais jovens. “Tem que ter juízo, trabalhar e obedecer ao pai e à mãe. Ajudar os pais no que puder”, aconselha.
Ao olhar para a mãe centenária, Maria Luiza não esconde o orgulho e a gratidão. “Ela tem uma genética abençoada. O médico até falou que eu devia chegar aos 110 pela genética dela, mas eu não quero não; já falei para ele”, brinca.
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