Canudos pouco mudou 128 anos após guerra, aponta Augusto Aras

por Assessoria de Imprensa


O ex-procurador-geral Augusto Aras defendeu mais investimentos do governo e da iniciativa privada na região de Canudos — palco de uma guerra que, há 128 anos, resultou na morte de aproximadamente 25 mil brasileiros e na completa destruição do segundo maior povoamento do Nordeste. Ao Correio, ele disse que, mais de um século depois da devastação, a região segue às voltas com problemas relacionados à seca e ao uso da terra.

O ex-procurador-geral da República é neto do escritor, pesquisador, folclorista baiano José Aras, o primeiro estudioso brasileiro a apresentar a Guerra de Canudos na perspectiva dos sertanejos, em contraposição à versão imortalizada em Os Sertões, do jornalista e escritor Euclides da Cunha. “Com água para irrigação e regularização fundiária, Canudos poderia se tornar um grande polo de produção do agronegócio e de outras atividades econômicas”, disse o ex-PGR.

A cobrança de Aras ocorre um mês depois de um grupo de seis moradores da cidade protocolarem uma ação popular contra a União pedindo reparação pelo massacre que arrasou Canudos. Eles exigem um pedido formal de desculpas à população e uma indenização de R$ 300 milhões para o município.

No estudo elaborado por José Aras, ele entrevistou dezenas de sobreviventes que conviveram com Pajeú, João Abade e outras figuras próximas de Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, líder comuniário e religioso de Canudos. A partir do relato de ex-combatentes e de parentes de vítimas do massacre, ele compôs, em forma de cordel, o Meu folclore, e, em prosa, Sangue de Irmãos — Canudos por dentro, No Sertão do Conselheiro, entre registros históricos das etnias indígenas locais e do meteorito Bendegó (em exibição no Museu da Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, e que sobreviveu ao incêndio de 2018). Sangue de Irmãos teria sido, inclusive, uma das fontes utilizadas pelo escritor Mario Vargas Llosa para escrever A Guerra do Fim do Mundo.

“Chamar Antônio Conselheiro de fanático foi a primeira fake news da nossa história. O que ele fez foi liderar uma experiência comunitária, que desagradou à República, a nascente ‘política dos governadores’ e a parte da Igreja daquele período”, afirmou Aras, depois de participar, no início do mês, de uma solenidade do Programa Justiça e Cidadania em Canudos.

 


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