Para o ex-secretário de Comércio Exterior e sócio da BMJ Consultores Associados, Weber Barral, o encontro deve marcar o início de um processo de negociação mais amplo.
– Vai ser a primeira reunião deles ao vivo, então eu diminuiria um pouco as expectativas. Acho que será o início da negociação, provavelmente vão definir quais serão os temas e os prazos. Isso vai levar algum tempo. Como envolve temas complexos, como o caso das terras raras, é bom entender que provavelmente será necessário envolver outros órgãos dos dois governos para que se tenha algo mais concreto – afirmou ele, que representa a Abimóvel na investigação do Escritório do Representante de Comércio sobre supostas práticas comerciais que estariam restringindo injustamente as exportações americanas ao mercado brasileiro.
O presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, está otimista, mas reconhece que os resultados virão a médio prazo.
– Estamos otimistas em relação a esse encontro, se ele vier a acontecer, porque existem vários fundamentos que levam a esse otimismo. O Brasil tem a oferecer o que os Estados Unidos precisam, a questão dos minerais críticos, das big techs, e é um enorme mercado para essas empresas. Além disso, o Brasil já tem superávit comercial, e os Estados Unidos estão querendo ter hegemonia na América Latina. Sem o Brasil, não vão conseguir. E existe uma pressão muito grande daqueles apoiadores da campanha do presidente Trump e do Partido Republicano que fazem negócios com o Brasil. Eles estão perdendo dinheiro com esse tarifaço que não faz o menor sentido. Uma tarifa tão alta que acaba sendo um embargo”, disse.
Ele avalia que os dois lados têm “muito a ganhar com a volta do relacionamento e muito a perder se isso não acontecer”. Apesar disso, pondera que a reunião será apenas o começo.
– Vai ser uma primeira conversa, não imagino que já se chegue a um acordo comercial. Alguns passos já foram dados: o encontro na ONU, a ligação do presidente Trump ao presidente Lula, a visita do ministro Mauro Vieira ao senador Marco Rubio. Acredito que o encontro trará uma distensão nas relações e que algumas exceções poderão ser concedidas durante o período de negociação. Não vejo por que os Estados Unidos não atenderem o pedido que o ministro Mauro Vieira fez na Casa Branca, de fazer uma trégua na cobrança do adicional de 40% das tarifas, retornando dos atuais 50% para 10% durante o período de negociação, que poderia ser de 90 dias, por exemplo. Não acredito em uma resolução ainda em 2025, apenas no ano que vem, mas acredito que, além da trégua, poderão haver exceções para determinados produtos.
Para o presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), Fernando Pimentel, a expectativa também é de avanços graduais.
– Nossa expectativa é de que as negociações avancem dentro daquilo que pode e deve ser negociado, a parte comercial, iniciando uma distensão que nos coloque na mesma posição dos demais países do Mercosul, que têm 10% de sobretaxação e não os 40% que temos hoje. Não vemos, porém, que o encontro entre os presidentes gere um anúncio imediato, mas sim que tenhamos sinais positivos para os negociadores encarregados de tratar dessa agenda”, concluiu.

