Arquitetura e Memória em Cartas de Amor

por Assessoria de Imprensa


Memórias da família inspiram Lorena Capuci em ambiente que une afeto e design contemporâneo

No ambiente criado pela arquiteta Lorena Capuci para a Casa Cor Mato Grosso do Sul, o tempo parece desacelerar. Batizado de “Refúgio do Tempo”, o espaço convida o visitante a entrar em um universo onde memória é o que abraça.

A arquiteta Lorena Capuci criou o “Refúgio do Tempo” para a Casa Cor Mato Grosso do Sul, um ambiente que une memória familiar e design contemporâneo. O espaço homenageia seus bisavós, Jacira e Armando José, através de cartas trocadas durante a Segunda Guerra Mundial, quando ele serviu como soldado na Itália. O ambiente maximalista divide-se em dois espaços simbólicos: um dedicado ao bisavô, com móveis de época, e outro à bisavó, com suas receitas manuscritas. A decoração inclui fotografias antigas, objetos pessoais e elementos de design moderno, criando uma atmosfera que celebra a história familiar em harmonia com a estética contemporânea.

Cada detalhe foi pensado para unir o afeto da história familiar com a estética do presente, numa homenagem aos bisavós de Lorena, Dona Jacira e o marido, Armando José, casal que viveu uma história de amor interrompida pela Segunda Guerra Mundial, mas eternizada em dezenas de cartas guardadas por mais de 60 anos.

O ponto de partida foi justamente o acervo de lembranças, com cartas, telegramas e receitas escritas à mão, que hoje se misturam a móveis de design, obras contemporâneas e peças garimpadas pela arquiteta. “Eu sabia que queria fazer algo com sentido. Essas cartas sempre estiveram lá em casa e, quando decidi participar da Casa Cor, entendi que era o momento de transformar essa memória em algo vivo”, conta Lorena.

Arquiteta transforma cartas de amor da 2ª Guerra em refúgio
Espaço convida a entrar em um universo onde memória e contemporaneidade se abraçam
Arquiteta transforma cartas de amor da 2ª Guerra em refúgio
Ambiente foi criado pela arquiteta Lorena Capuci para a Casa Cor MS

O resultado é um ambiente afetivo e maximalista, que rompe com o minimalismo frio e aposta em texturas, quadros, luz quente e objetos com alma. Logo na entrada, o visitante percorre um “corredor íntimo” onde as cartas originais trocadas entre os bisavós estão molduradas lado a lado com fotos de família e registros de viagens. “Hoje em dia, as casas não têm mais porta-retratos. Eu quis resgatar isso, trazer de volta a memória do lar”, explica.

A história que inspira o “Refúgio do Tempo” começa em 1940, quando Jacira Pereira conheceu o jovem soldado que partiria para lutar na Itália. Ela tinha 14 anos; ele, 18. Durante os anos de separação, o casal trocou cartas e telegramas que, décadas depois, seriam guardados com cuidado em caixas, um tesouro que em 2015 virou reportagem no Campo Grande News. (clique aqui e leia a reportagem).

Arquiteta transforma cartas de amor da 2ª Guerra em refúgio
Poema esrito pelo bisavô foi posicionado em mesa ao lado de outras lembranças
Arquiteta transforma cartas de amor da 2ª Guerra em refúgio
Espaço foi desenvolvido em um mês e Lorena fez escolheu cada item

Essas mesmas cartas agora ganham nova vida, expostas como peças de design e emoção. “Nada está aqui só porque é bonito. Cada objeto tem um significado, cada luz foi pensada para transmitir algo”, diz a arquiteta.

O ambiente é dividido em dois espaços simbólicos, um canto dedicado ao bisavô, com poltrona clássica do designer Sérgio Rodrigues e móveis de época, e outro à bisavó, onde Lorena reproduziu receitas originais de Jacira, escritas de próprio punho. “Ela era confeiteira, fazia crochê, costurava. Eu escaneei o caderno dela e o transformei em parte da decoração”, destaca.

Pequenos detalhes, como peças de crochê, a identificação do bisavô na guerra e versos de poema escrito por ele, completam o retrato sensível de uma família que atravessou o tempo.

Arquiteta transforma cartas de amor da 2ª Guerra em refúgio
Texto da avó foi impresso em porcelana e cadeira que ela gostava transformada em miniatura
Arquiteta transforma cartas de amor da 2ª Guerra em refúgio
Peças do ambiente contam história da família e conversam com arquitetura moderna

O “Refúgio do Tempo”, além de uma homenagem, é também um manifesto sobre o papel da memória na arquitetura e insere elementos que contam uma história real. “A arquitetura ficou muito técnica. Eu quis trazer sentimento”, resume Lorena.

Todo o ambiente foi desenvolvido em tempo recorde, cerca de 30 dias. O trabalho na Casa Cor foi a estreia de Lorena na mostra e um desafio pessoal. “Sempre fiquei nos bastidores, mas esse projeto me tirou da zona de conforto. Foi uma homenagem e também um novo começo para mim”, finaliza Lorena.

Arquiteta transforma cartas de amor da 2ª Guerra em refúgio
Dona Jacira e Armando foram casados por 51 anos. (Foto: Marcelo Calazans)

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